Em tempos tão bicudos, o país amanheceu ontem com uma notícia que dá esperança de dias melhores. Em alta desde o início da pandemia do novo coronavírus, a taxa de desemprego teve queda de um ponto percentual em relação ao trimestre terminado em abril. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de desocupação está em 13,7%. São 14,1 milhões de pessoas sem emprego. É muita gente.
E o grande desafio do governo nos próximos meses é seguir com a abertura de vagas formais. Não tenho dúvidas de que o principal tema da campanha eleitoral do ano que vem será a pandemia e os seus efeitos. Haverá um embate nítido entre o “Fique em casa, a economia a gente vê depois” e o “Não ao lockdown”. Em busca da reeleição, o discurso do presidente Jair Bolsonaro será atacar prefeitos e governadores, principalmente os adversários políticos. E o da oposição seguirá a linha de que tanto o enfrentamento à covid-19 e a economia vão de mal a pior.
Pelas chocantes revelações da CPI da Covid, nesta semana, está cada vez mais claro que, se não fossem prefeitos e governadores com as medidas de isolamento social, estaríamos hoje numa situação bem pior em relação ao número de casos e mortes. A aposta do “gabinete paralelo”, grupo criado para aconselhamento ao presidente Jair Bolsonaro, era imunidade de rebanho e aposta na cloroquina. Estratégia que se mostrou equivocada, como mostram os números e as pesquisas científicas.
Está nítido também que a falta de uma unidade nacional complicou ainda mais o combate à pandemia. Pelo contrário. Fez aumentar a polarização. Bolsonaro não teve a liderança que todos esperam de um presidente. Tanto que perdeu o apoio de uma parte expressiva do eleitorado, como mostram as últimas pesquisas de opinião, e viu a imagem ruir diante da comunidade internacional. Será esse o embate de 2022.
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