O governo brasileiro pode emplacar um papel de protagonismo no Oriente Médio e na relação com os países árabes. O pedido foi feito pelos embaixadores Ibrahim Alzeben, representante da Palestina em Brasília, e Qais Shqair, chefe da Missão da Liga dos Estados Árabes no Brasil. Em recente encontro com ambos, os diplomatas externaram o desejo de que o Brasil se posicione como mediador do conflito entre israelenses e palestinos. A dois meses de reassumir um assento no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), como membro não permanente, o Brasil tem condições de exercer uma influência muito mais decisiva na região.
Para Shqair, o nosso país obteria inúmeros benefícios. Além da abertura para um mercado de 400 milhões de pessoas, o Brasil conquistaria o respaldo político das 22 nações árabes e o respeito da comunidade internacional, além de se posicionar como ator importante na arena diplomática internacional. O chefe da Missão da Liga dos Estados Árabes no Brasil lembra que os laços entre seu povo e os brasileiros incluem heranças linguísticas, uma forte presença de descendentes e de imigrantes em território nacional e a adesão à gastronomia nas cozinhas do país. O Brasil também pode exercer uma diplomacia cultural, ao levar suas tradições e sua cultura às nações árabes e ao produzir um rico intercâmbio na área.
Nos governos anteriores, o Brasil se expressou de forma clara e tácita a favor de uma solução para o conflito no Oriente Médio. A posição de uma diplomacia engajadora e alinhada a demandas também dos palestinos deu lugar a um reposicionamento ideológico pendente a um único lado do embate. Se, no passado, o Brasil apoiava resoluções da ONU pró-palestinos, agora, para não melindrar os neopentecostais (parcela importante de seu eleitorado), o governo Bolsonaro pende para a abstenção ou o distanciamento. A casa do Barão do Rio Branco deveria não contaminar sua diplomacia com questões religiosas. Brasileiros e árabes teriam muito a ganhar com a correção da atuação brasileira em uma região tão importante do ponto de vista histórico, econômico, político e cultural.
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