Na semana em que o país ultrapassou a marca de 600 mil mortes por coronavírus, uma tragédia sanitária sem precedentes na história do Brasil, o avanço da vacinação deu, também, sinais de esperança no combate à pandemia. Em São Paulo, por exemplo, ninguém morreu de covid-19 em 467 cidades. O percentual corresponde a 72% dos 645 municípios do estado mais populoso do país.
Em Minas Gerais, segundo lugar no número de habitantes, 500 cidades, o equivalente a 58,6% dos 853 municípios mineiros, completaram um mês sem perder uma vida sequer para a doença. Não se trata de casos isolados. Em mais da metade (58%) dos 5.570 municípios brasileiros não houve notificação de óbitos em decorrência de infecção pelo Sars-Cov-2 em setembro.
Apesar de a maior parte (57,5%) das 3.274 cidades sem mortes por covid-19 serem as menos populosas — com população inferior a 10 mil habitantes —, houve, pelo menos, dois estados inteiros, o Rio Grande do Norte, que passou dois dias sem perder nenhum cidadão para o coronavírus; e Alagoas, que ficou 24 horas sem ter registro de óbito. E, ainda, uma capital, o Recife, onde não houve notificação de morte durante três dias.
O pior já passou? Ainda é cedo para dizer. Mas, de forma geral, pesquisadores da Fiocruz analisam que a queda contínua em todos os indicadores de gravidade da pandemia — como média de mortes, casos e internações em unidades de terapia intensiva — indica que, caso a aplicação de doses se mantenha no ritmo atual, a expectativa é que o período pandêmico chegue ao fim no Brasil até os primeiros meses do ano que vem.
Até a última sexta-feira, nada menos que 94,6% da população adulta no Brasil já havia tomado pelo menos uma dose de vacina contra a covid. O percentual caía para 86,1% quando a referência era o público-alvo total da campanha de imunização, pessoas a partir dos 12 anos. No caso da população total com a vacinação completa, 46,1% dos 213 milhões de habitantes tinham concluído o ciclo.
No exterior, os bons números obtidos com a imunização no Brasil também são acompanhados com atenção por cientistas. Foi baseado nesses resultados que o Reino Unido decidiu liberar a entrada de brasileiros vacinados, sem necessidade de passar por quarentena. Eles também vão poder entrar nos Estados Unidos, a partir de novembro. No total, já receberam o sinal verde para viagens a 15 países.
Animados pelos bons indicadores, o ministro da Saúde, governadores e prefeitos já fazem planos de levantar restrições sanitárias, como abolir o uso de máscaras em ambientes ao ar livre, e acenam com a volta das festas de Natal, réveillon e carnaval. No entanto, infectologistas e outros especialistas em saúde afirmam que o cenário de melhora ainda exige cautela. Afinal, a média móvel de mortes no Brasil — que encerrou a semana abaixo de 500 — ainda é uma das mais elevadas do mundo. Fica atrás, hoje, apenas das registradas nos EUA e na Rússia.
Por isso, insistem, medidas como o uso de máscaras, distanciamento físico e higiene das mãos não devem ser abolidas enquanto houver risco de novos picos de óbitos, casos e internações em unidades de terapia intensiva. Ou seja: com o país tão perto de controlar a disseminação da covid-19, não vale a pena abrir brechas para o vírus e estragar tudo agora.
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