Sempre tive admiração extrema pelos professores. Mas, ao longo do tempo, percebi que não era apenas pelo fato de ensinarem — e sim pela capacidade de aprender por toda a vida. Um profissional que se dedica a transmitir o conhecimento a outros, em qualquer área, não o faz apenas pelo dever de ofício, mas pelo gosto da troca e da aprendizagem constante. Talvez essa seja a lição mais difícil de aprender pela vida, porque requer a humildade de se reconhecer falho e sempre aprendiz.
Eu aprendo todos os dias. E, de verdade, tento ao menos não errar igual. Aprendo com os velhos e, também, com os jovens. Aprendo com minha netinha e com outras crianças. Aprendo com os vivos e com os mortos, porque eles me deixam lembranças e exemplos que resgato sempre. Aprendo com minha fé, que me move em tantas boas direções. E ouso dizer que aprendo, sobretudo, quando desaprendo.
Desaprender é abrir espaço para o novo que nos visita. É nascer de novo para conceitos e palavras que nem existiam quando rascunhamos as primeiras letras. É doer e sarar. É calar e refletir. Quando desaprendemos, desistimos das ideias sacralizadas para receber um novo tempo, que pode chegar causando estranheza, mas ao fim traz contentamento.
Eu acredito no poder do aprendizado. Transformar, evoluir, passar adiante, trocar, receber. Que coisa boa é essa capacidade de ensinar e aprender! Fico pensando como o Brasil poderia dar certo se aprendesse com os erros, se olhasse com mais cuidado para o coletivo, se mergulhasse em sua história tão fundada em estruturas profundas de injustiça e preconceito, racismo e machismo.
Olho para uma pessoa que decide ser professor ou professora e sinto uma esperança enorme porque não é fácil ensinar. É doloroso abrir caminhos na ignorância e pode ser extremamente frustrante sobretudo no Brasil, povoado por elites tão egoístas e corruptas. Mas já aprendi que é preciso olhar para a dificuldade e agradecer por aqueles que crescem quebrando barreiras, como os professores.
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