Dois mil e vinte e um se aproxima do fim, com o planeta imerso em vários pontos focais de tensão geopolítica. Na Rússia, a verve expansionista e o autoritarismo de Vladimir Putin ameaçam estabelecer uma espécie de império czarista. A Ucrânia e outras ex-repúblicas soviéticas temem a anexação pelas forças do Kremlin. Especialistas avaliam que Putin estaria interessado em reconstruir parte da integridade territorial da antiga União Soviética, com a fusão de países que jamais serão páreo para o poderio militar moscovita. Com um exército de trolls, bots e hackers, a Rússia também interfere em processos eleitorais no exterior, de forma a manipular o cenário político a seu favor.
Ainda na Ásia, mais ao sul, a China segue com a faca no pescoço de Taiwan, ilha de sistema democrático capitalista que o presidente chinês, Xi Jinping, julga ser parte de seu território. No último mês, dezenas de caças e bombardeiros nucleares de Pequim sobrevoaram uma zona de segurança no Estreito de Taiwan. Muitos taiwaneses consideram real a ameaça de invasão. Um cenário que repercutiria sobre Hong Kong, a ex-colônia britânica que se tornou uma Meca do capitalismo e do comércio internacional.
Ainda que com uma fronteira territorial pequena, o Afeganistão se coloca como ameaça à China, mas também aos demais vizinhos. O retorno do Talibã ao poder fez ressurgir o medo de o Afeganistão se colocar como uma espécie de ponta de lança do terrorismo, o que permitiria alimentar o extremismo de uigures, muçulmanos da província chinesa de Xinjiang (noroeste), discriminados e segregados en campos de trabalho forçado, segundo ativistas de direitos humanos. Também na Ásia, o ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-un, segue testando mísseis, lançados de submarinos e de locomotivas. Um aviso velado à Coreia do Sul e aos Estados Unidos.
No Oriente Médio, um eventual confronto entre Irã e Israel pode detonar um barril de pólvora. No Líbano, o xeque Hassan Nasrallah — líder do movimento xiita Hezbollah, aliado do Irã — fez uma rara aparição em que assegurou que o grupo conta com 100 mil combatentes. Recado ao Estado judeu, que já travou guerras contra a milícia, hoje uma organização política armada. A Hungria, de Viktor Orbán, e o Brasil, de Jair Bolsonaro, seguem como celeiros do negacionismo e de políticas misóginas, além de polos de discursos anti-LGBTQIA+. Tempos difíceis.
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