ITAMAR BORGES - Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo
Com o advento da pandemia do coronavírus, o mundo atestou a importância da ciência como única saída para o flagelo humanitário que se abateu sobre nossa geração. Esse novo “status” concedido a essa velha companheira da evolução humana tem sido um dos guias do atual governo do estado de São Paulo. Reforçar as pesquisas que zelam pelo desenvolvimento do agronegócio paulista se mostrou, portanto, uma iniciativa mais que necessária.
São Paulo é detentor de uma sofisticada rede de institutos que geram pesquisas públicas de alto valor para a sociedade. A Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios tem sob seu “guarda-chuvas” seis institutos que, há décadas, auxiliam setores como cana, laranja, proteína animal, grãos, entre outros a cultivarem e levarem alimento, fibras e energia à casa de pessoas no Brasil e no mundo. Algumas atividades tipicamente paulistas como a cana e a laranja possuem protagonismo mundial inconteste. Setores como proteína animal, café, grãos, frutas e hortaliças, dentre outros, encontram em nosso estado algumas das melhores condições de cultivo e logística. Se a Embrapa, nas décadas de 1970 e 1980 gerou boa parte da tecnologia que transformou o Cerrado brasileiro, esses institutos também revolucionam nossa agropecuária paulista construindo líderes irrefutáveis na cena internacional.
O reconhecimento ao trabalho da ciência e da pesquisa pública não se dá por outra forma que não seja por meio do direcionamento de recursos para que os nossos cientistas façam o que sabem de melhor; encontrar soluções para os problemas de hoje e do futuro. Como já alertou a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), em 2050, o mundo precisará de mais comida para alimentar 9 bilhões de seres humanos e o Brasil será responsável por 40% desse suprimento.
O problema é que o mundo não aceita “qualquer tipo de crescimento”, mas demanda um crescimento sustentável, em consonância com a preservação do meio ambiente. E, para isso, é preciso que a ciência encontre as vacinas para os problemas de hoje e do futuro. Nesse sentido, nossa pasta alocou R$ 52 milhões para esses institutos, o que corresponde ao triplo dos R$ 17 milhões investidos em 2009, maior investimento até então. Considerada a inflação no período, ainda assim, o recurso é 57% acima, o que reforça predileção desta gestão pela boa ciência.
Esses recursos serão utilizados para modernizar laboratórios, algo fundamental na pesquisa de ponta, mas também contemplarão análises que visam responder questões importantes. Como exemplo, posso citar o estudo do Instituto de Zootecnia (IZ), que visa acelerar a definição de parâmetros para uma pecuária (mais) sustentável, com redução de emissão de gases causadores do efeito estufa. Permitirá ao IZ ser certificador de empresas de pecuária e de produtos como carne carbono zero.
Ainda na pecuária, será atendida uma das áreas mais sensíveis: a defesa sanitária. Será ampliada a capacidade de produção de antígenos do Instituto Biológico para testes de brucelose e tuberculose em bovinos, de modo a atender 100% da demanda do país. Embora não seja diretamente uma atribuição direta do governo do estado é importante para os brasileiros que vivem em São Paulo que as políticas públicas estejam alinhadas com aquelas tendências em que nossa produção possa se mostrar competitiva. Esse é caso por exemplo, das mudanças climáticas, assunto amplamente discutido pela ciência, principalmente porque estamos no ano da COP 26.
Nossos cientistas do Instituto Agronômico têm como missão intensificar os programas de melhoramento genético vegetal, a fim de fornecer aos agricultores materiais mais resistentes a pragas e doenças e aos efeitos climáticos extremos. Nos últimos dois anos, o estado de São Paulo tem sofrido com o efeito de secas prolongadas que trouxeram perdas para produtores e aumento de preço para a população. Encontrar caminhos para lidar com essa situação é uma política de Estado e não de governo, porque os resultados devem impactar as gerações seguintes!
Da mesma forma, ficarão para as gerações seguintes o legado de preservação de matas nativas e a recuperação da vegetação que já mostram algum sinal de recuperação nas terras paulistas. Contudo, um avanço significativo depende da continuidade das análises do Cadastro Ambiental Rural, chave para viabilizar a implementação do Plano de Regularização Ambiental.
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