OPINIÃO

Visto, lido e ouvido — Auxílio Brasil, às eleições

Desde 1960 Circe Cunha (interina) // circecunha.df@dabr.com.br
postado em 23/10/2021 06:00

Depois de dizimar a Lei de Improbidade Administrativa, tornando os maus gestores e até os corruptos de carreira impunes e aptos a disputarem quantas eleições quiserem, a Câmara dos Deputados segue, agora, a passos firmes, marchando em direção ao que seria o último bastião de moralidade na gestão dos recursos públicos: o teto de gastos. A imagética pode até não ser boa, mas, se considerarmos o país como sendo um edifício de alvenaria, com toda a sua estrutura armada, partindo da fundação, passando pelos pilares, pelas vigas até chegar à laje da cobertura, o que temos aqui, em relação a esses desmanches das principais leis que possibilitaram o êxito do Plano Real e sua duração no tempo, é o que os arquitetos e engenheiros chamam de “puxadinho do inferno”, capaz de levar ao colapso toda a obra e todos que estiverem ao seu abrigo.

O que estamos assistindo agora, impassíveis e surpresos, é à demolição paulatina de toda a estrutura de sustentação que um dia permitiu a superação do processo inflacionário, que, por décadas, arruinou a nação. Ao condenar todo o Edifício Brasil, em nome das próximas eleições, o que se está fazendo, sob a tutela do chamado Centrão, é deixá-lo exposto, mais uma vez, às incursões incertas do destino, da estagflação e do retorno aos tempos sombrios anteriores ao surgimento do Real.

Nesse sentido, a saída dos principais secretários da equipe do ministro da Economia, Paulo Guedes, poderia, mesmo num ambiente de razoabilidades, ser considerada sintomática. Mas, no momento atual, e tendo em vista a proximidade do calendário eleitoral, essa debandada de técnicos soa como sinal de alerta a todos que ainda tenham a capacidade de raciocinar que, a qualquer hora, o edifício pode ruir.

Abrir os cofres já esvaziados, permitindo que o governo rompa com a regra do teto de gastos, ou seja, gaste além de sua capacidade de pagamento, é não só uma volta ao passado, mas um passo certo rumo à inadimplência e ao calote, com prejuízos para todos. Quando os economistas conferiram ao teto de gastos o grau de “âncora da política fiscal do país”, não estavam apenas destacando sua importância para todo o arcabouço das finanças públicas, mas emprestando a esse termo o mesmo significado que esse instrumento tem na proteção e na salvaguarda do transatlântico chamado Brasil e seus passageiros a bordo.

No nosso país, a mistura entre política e economia nunca deu muito certo, porque a primeira sempre foi construída a partir de voluntarismos subjetivos, voláteis e imediatistas, enquanto a economia se funda em regras fixas de acordo com os contratos elaborados no âmbito dos mercados. Falar, pois, em política econômica no Brasil é um paradoxo, quando não uma anomia.

O denominado Auxílio Brasil, uma renomeação do Bolsa Família costurado pelo governo com a ajuda do Centrão, muito mais do que um programa de transferência de renda, com prazo para terminar ao fim de 2022, é um investimento claro para reforço da candidatura de Jair Bolsonaro e de seu grupo imediato, incluindo a própria bancada política que lhe dá apoio no Congresso.


A frase que foi pronunciada

“Ninguém é obrigado a tomar parte na crise espiritual de uma sociedade; pelo contrário, cada um é obrigado a evitar essa loucura e viver sua vida em ordem”
Eric Voegelin


Sem segurança
É muito importante que as pessoas que fazem uso de vans escolares estejam atentas à qualidade e à segurança do serviço. O objetivo de chegar ao destino não deve prevalecer sobre essa atenção. Várias vans foram apreendidas pelo Detran. Veículo sem manutenção ou documentação incompleta.


Aviso da Embrapa
Capacitação em fruticultura tropical: banana é o tema da próxima edição. A palestra técnica será realizada na próxima terça-feira, dia 26, e ficará a cargo de Edson Amorim, pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura. Ele vai tratar das cultivares, do sistema de produção e do mercado. A transmissão será pelo canal da Embrapa no Youtube, a partir das 9h. Veja o link no Blog do Ari Cunha.


A Palavra
Dia 30 de outubro é dia de evangelização. Fiéis do Santuário São Francisco de Assis sairão nas quadras da área da igreja para conversar sobre Deus com moradores da região. Não será necessário abrir o portão.


História de Brasília

O assunto é Ilha do Bananal, onde passamos o fim de semana vendo os Carajás nas suas festas, nas suas dificuldades, no seu trabalho, na sua doença, nos seus males.
(Publicada em 13/02/1962).

 

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