Opinião

Mudanças climáticas

Correio Braziliense
postado em 31/10/2021 06:00

A aceleração do aquecimento global, com crescentes ondas de calor que ameaçam a vida no planeta, colocou o compromisso de países e empresas no topo das preocupações mundiais. A discussão sobre a adoção de medidas para reduzir a temperatura da Terra e impedir a catástrofe é o tema central da Conferência do Clima das Nações Unidas (COP26), que começa hoje e se estende até 12 de novembro em Glasgow, na Escócia. No total, delegações de quase 200 países participam do evento.

No ranking dos grandes emissores de gases do efeito estufa, responsáveis por transformar o planeta em um caldeirão em ebulição, o posto de maior poluidor cabe à China, que responde por 23,9% de todas as emissões. Esse percentual pode ser ainda maior, pois os dados mais recentes disponíveis sobre o país datam de 2018. Na segunda posição vêm os Estados Unidos, com 13,6%, seguido de Índia e União Europeia, com 6,8% cada um; Indonésia, 3,5%; e Rússia, 3,3%.

Apesar de estar na sétima posição na lista dos países que mais contribuem para a elevação da temperatura global, o Brasil, com 2,9% dos lançamentos de gases, desponta como o principal alvo de críticas. É óbvio que a transformação do país em vilão ambiental número um envolve intrigas políticas e disputas comerciais, devido ao fato de a produção agrícola nacional ser a mais produtiva e competitiva do planeta. Mas, de forma geral, a razão que sobressai é a relevância da Amazônia para o equilíbrio climático do planeta.

Na última quarta-feira, um relatório da ONU apontou o Brasil como o único integrante do G20, grupo dos 20 países mais ricos, a retroceder em relação aos compromissos de emissão de CO2, firmados no Acordo de Paris. Na quinta-feira, foi a vez de o Observatório do Clima colocar mais lenha na fogueira em que arde o Brasil, ao divulgar estudo no qual mostra que o país ficou na contramão do mundo, no ano passado, devido ao avanço do desmatamento na Amazônia e no Cerrado. Enquanto, na média global, houve uma queda de quase 7% nas emissões, o Brasil registrou aumento de 9,5%. Durante o encontro, em Glasgow, serão negociados acordos em áreas como a eliminação de combustíveis fósseis, transição para energias limpas e sustentáveis e financiamento de países ricos a nações em desenvolvimento para a proteção de biomas e incentivo à economia verde. De olho nos recursos para conservação ambiental, que podem chegar a US$ 100 bilhões, o Brasil sinalizou que vai assinar o novo acordo sobre florestas. A presença do país é considerada crucial para o sucesso do Forest Deal, um dos mais importantes compromissos a serem firmados na conferência climática.

Interpretado como um sinal de mudança no discurso do governo Bolsonaro sobre política ambiental, o gesto pode ajudar a desanuviar o clima para o Brasil. "Isto demonstra, mais uma vez, a nova postura brasileira de compromisso com os temas de desenvolvimento sustentável", disse o embaixador Paulino Franco de Carvalho Neto, secretário de Assuntos Políticos Multilaterais. Entre outros pontos, o acordo deve estabelecer regras para a proteção de terras indígenas e para coibir o comércio internacional de produtos oriundos da degradação de florestas. É um bom começo.

 

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