Combustível
Os injustificáveis aumentos nos derivados de petróleo escancaram a incompetência e a inabilidade dos responsáveis e, ao mesmo tempo, expõem o descaso e desprezo deles pela sociedade e pelo povo. Desculpas há aos montes. Pode-se criar a que se desejar, a maioria simples sofismas, mas há também os argumentos e fatos contrários. E há a esperteza, como no DF, de aumentar a base de cálculo do ICMS antes do congelamento do imposto. Soluções, existem, mas há interesses de toda ordem que impedem a sua implementação. Independentemente de opiniões, o que parece indiscutível é as graves consequências econômicas e sociais que virão em muito breve, cujo alcance, nesse momento, é difícil prever em toda sua amplitude.
Humberto Pellizzaro,
Asa Norte
Livros
Alvíssaras. Estão surgindo clubes de leitura de livros à mancheia. Estimulados mais ainda por encontros de discussões virtuais. Eis aí a importância da internet usada com objetividade, com aplicabilidade. É a moda. Que seja permanente. O comportamento da pandemia fez muita gente mudar de comportamento quanto a leitura de livros. Esqueça Tik Tok, que é rápido. São dois pulinhos. A leitura de livros é seu oposto. É um salto no conhecimento. Ler livros, sabemos, é lentidão. É reflexão. É formação. É paixão. Sem abusar de rimas. Com predominância de livros físicos. Segundo estudos de cientistas franceses e noruegueses (Veja, 3/11), o livro impresso facilita mais a compreensão do texto, mais atenção na leitura, é mais relaxante e mais seguro para a visão. E não acaba a bateira. Genial: há clube para as obras completas de Machado de Assis. Oxalá apareça para A Comédia Humana, de Honoré de Balzac. Haja fôlego! Há interesse para todos os gostos. Há paladar literário requintado. Que as escolas revejam seus manuais sobre a importância do hábito da leitura de livros. Sei perfeitamente que a educação, a cultura, o livro, neste governo, foram assaltados. Encostados na parede com os braços levantados. É o governo Fahrenheit 451. Nem por isso devemos nos render. Mário Quintana esclarece: "Livros não mudam o mundo, quem muda o mundo são as pessoas. Os livros mudam as pessoas".
Eduardo Pereira,
Jardim Botânico
Contraditório
Sem querer contrariar as aparências, mas contrariando, o ambiente de opiniões polarizadas que assola o Brasil não desenha necessariamente um mau cenário. Pela régua de Nelson Rodrigues que atribui burrice à unanimidade, seríamos até muito espertos na divisão em 30% que apoiam Bolsonaro, uma terça parte que repudia e um terço que lhe é indiferente. De repente, o meu pensar e julgar é condenado no mesmo tribunal da opinião pública que a pratica com vigor, a chamada polarização tem seus encantos. Serve ao exercício da crítica, essencial às sociedades democráticas, interdita comportamentos autoritários por parte de governantes e ainda dá às pessoas acesso barato ao contraditório. O lado escuro da coisa é a grosseria, a falta de educação, a simplificação argumentativa, a ausência absoluta de autocrítica. Com muita relutância, devemos admitir que faz parte, embora a sociedade não compartilha do método nem do palavreado. Digamos que seja o preço a pagar pela vibração do debate, não obstante a pobreza de alegações, tais como as que ajudem a uma suposta demência para justificar interrupção de mandato. Se perde tempo e energia por aí. Jair Bolsonaro não é louco. Sua maneira desmiolada, objetivamente, não o enquadra nos quesitos previstos para impeachment. Por ora, ao menos. Sendo tosco, faz o que aprendeu na vida, como de resto muitos dos que reagem a ele nos mesmos termos, aos palavrões e piadas bobocas. O ponto em questão aqui é outro: a divisão radicalizada de opiniões e o efeito de seu contrário, a unanimidade, no público pagante de impostos em relação a seus governantes. É bom não termos divergências? Diria que é ruim. O exercício do antagonismo fortalece os músculos e prepara a sociedade para uma vigilância constante. A diferença, o contraponto, é que Bolsonaro enfrenta rejeição por parte do radicalismo de esquerda e enfrenta forte reação, que faz crescente quanto mais extremo é o seu modo de operar na lógica do confronto a fim de manter acesas as chamas das paixões eleitorais. E paixão, como se sabe, vai como vem, num átimo fortuito de ilusão.
Renato Mendes Prestes,
Águas Claras
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