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Correio Braziliense
postado em 06/11/2021 00:01

Populismo

O populista é por definição e conduta um ser egoísta, exibicionista e algo delirante. Desleal, se dedica à arte de fazer as vezes de herói com o pescoço alheio. Tem especial talento para criar distrações sem efeito prático, mas bastante eficazes no quesito espetáculo. A confusão armada pelo presidente Jair Bolsonaro com a fanfarronada sobre o preço dos combustíveis é um exemplo típico: ele sabe que é impossível "zerar" a cobrança de impostos, mas lança o desafio a fim de posar de benfeitor, deixando aos governadores o papel de predadores do contribuinte. Esse tipo de governante gosta de atuar pela lógica do confronto, mas corre de situações em que as bolas divididas possam lhe render prejuízos eleitorais, ainda que as questões sejam absolutamente relevantes do ponto de vista do coletivo. A verdade é que não há interesse real da parte de governantes de perfil populista de combater privilégios (no valor dos salários, nas aposentadorias, na estabilidade, nos benefícios funcionais e nas avaliações de desempenho) em searas com forte potencial de reação e nós complicados de ser desatados.

Renato Mendes Prestes,

Águas Claras

Cinema

Li a entrevista do diretor do filme Eduardo e Mônica (5/11), René Sampaio, invocando aos telespectadores que esse seu filme é ideal para ser visto na tela grande do cinema. Também li sobre a mesma aspiração do diretor do longa Marighella, Wagner Moura. Da mesma forma o articulista do CB, Roberto Fonseca. Vários cronistas, críticos de cinema e amigos também comungam esse interesse. Esses desejos me fizeram lembrar do gestual do prodigioso diretor de cinema Glauber Rocha, em que, com os dedos das mãos, indicadores e polegares, se articulam no formato retangular de uma tela de cinema simbolizando a sétima arte. Ver filme em casa na televisão, mesmo que seja tela de muitas polegadas, não é a mesma sensação. Penso. No telão do cinema me parece haver uma realidade palpável. A amplificação dos enquadramentos, da posição das câmeras, luzes, causa um ilusionismo factual. Se é que me entendem essa licença poética de dimensão. Verdade que em casa você se esparrama no sofá ou na cama e a sua disposição é que te absorverá, lá ou cá. Pode ser O Encouraçado Potemkim ou o último sucesso de efeito de câmera hollywoodiano. A imagem gigantesca às nossas retinas nos deixam arregalados de expectativas. Afinal, o cinema é magia ou é mistificação? Cada um que decifre. Ou melhor, que veja. O último filme a que assisti no cinema foi Bacurau. Depois vi na televisão. Senti muita diferença.

Eduardo Pereira,

Jardim Botânico

Engano

Ah, como eu tenho pensado em você. Como você faz falta no nosso dia a dia. A sua ausência está sendo muito sentida, ninguém pode negar. Em 2018, eu ouvi inúmeras vozes afirmarem que você teria lugar nas tomadas de decisões políticas do nosso país e que nada seria feito fora dos princípios estabelecidos por você. Oh! Quanta esperança. Seria o fim de condutas inadequadas. Seria um novo tempo. Ledo engano. As vozes mentiram. Você continua longe. Eu queria muito que você estivesse habitando na Praça dos Três Poderes, para que estivesse ajudando dois Poderes que estão mais carentes. Por favor, socorre-nos, ó ética!

Jeovah Ferreira,

Taquari

Centrão

Na defesa do calote dos precatórios, o presidente da Câmara, Arthur Lira, alega que, sem a aprovação do projeto, não há como garantir um mísero auxílio de R$ 400 para aqueles que passam fome — pura chantagem. Em contrapartida, o governo federal, sem credibilidade e com perda de asseclas, que garantam a reeleição de Bolsonaro ano que vem, libera R$ 1,2 bilhão para a compra, por R$ 15 milhões, do voto de cada deputado disser "sim" à aprovação da proposta. Uma proposta danosa ao país, que fura o teto dos gastos públicos. A miséria é objeto de negociatas covardes. Em ano pré-eleitoral, é tudo que os candidatos querem para a boiada passar. A PEC seria desnecessária não fosse o esquemão do toma lá dá cá, alimentador da corrupção, que pauta o comportamento dos deputados do Centrão, capitaneado pelo presidente da Câmara. Não seria exagero comparar o Centrão com uma organização criminosa, que usa de suas prerrogativas para assaltar os cofres públicos por meio do tal orçamento secreto. Enquanto isso, 19,3 milhões de brasileiros passam fome. Não têm um tostão no bolso para comprar um pão. As eleições de 2022 exigirão de todos os brasileiros uma profunda reflexão. Se todos querem um país sem injustiça social e econômica, deverão pensar duas vezes antes de dar seu voto aos que passam longe da decência e da honestidade.

Leonora Lima,

Núcleo Bandeirante

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