opinião

Depois da COP26

Fernando Brito
postado em 15/11/2021 06:00

As discussões por acordos que favoreçam a construção de cenários de segurança climática frustraram as expectativas dos mais otimistas durante a COP26, em Glasgow, na Escócia. Segundo analistas, a conferência se resumiu a bons discursos, alguns avanços importantes e questões fundamentais adiadas.

Pelo visto, só o tempo dirá se a humanidade conseguirá escapar das duras consequências apontadas pelas previsões científicas mais alarmantes. Enquanto potências mundiais postergam para 2050 ou 2060 os prazos para efetivas ações que reduzam as emissões de gases do efeito estufa, o mundo, especialmente os países mais pobres, continuará a assistir ao agravamento da crise ambiental.

O Brasil, graças à incompetência do atual governo, perdeu a oportunidade de atuar como protagonista na elaboração e implementação de políticas de salvaguarda da vida na Terra. Sem a presença do chefe de Estado, o país se despediu da COP26 com a imagem de pária climático — uma grande nação que não se realiza, alinhada ao obscurantismo e ao atraso, capaz de relacionar miséria com matas nativas.

Resta-nos a esperança de encerrar essa fase da nossa história, em 2022, com a eleição ao Planalto de um governo que se comprometa com incentivos e investimentos maciços na geração de energia a partir de fontes renováveis, como solar e eólica, e aposte no desenvolvimento de combustíveis menos poluentes, como o etanol (ou ainda motores elétricos).

Infelizmente, as questões ambientais nunca estiveram no centro do debate político nacional e, se nos mantivermos assim, continuaremos a degradar o território e a qualidade de vida da população, enquanto alguns poucos latifundiários aumentam lucros com a exportação de soja e milho — mas falta comida boa e saudável na mesa de milhões de pessoas.

É curioso pensar que uma política ambiental transversal poderia solucionar profundas carências brasileiras. Gosto de citar o exemplo do Coletivo Aroeira, projeto desenvolvido em Brasília (@coletivo.aroeira, no Instagram).

A partir de uma iniciativa de extensão do curso de psicologia da UnB, profissionais de diferentes áreas de conhecimento atuam no resgate e redução de danos a pessoas em situação de rua, promovendo capacitação profissional em práticas sustentáveis e desenvolvendo produtos ecológicos. De uma só vez, trabalham-se questões de saúde, educação, segurança, geração de renda e meio ambiente. As soluções existem, faltam iniciativa e boa vontade.

 

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