» Sr. Redator

Correio Braziliense
postado em 26/11/2021 00:01

Leitores

Este espaço do leitor é interessante, porque revela como nós, simples cidadãos, interpretamos nosso país, políticos, cultura, cidade, em seus diferentes aspectos. Vez por outra leio, comentários de pessoas que são assinantes do CB há décadas. Portanto, são inteiradas de nossa história e têm autonomia nas críticas. Outros, chegaram a uma idade em que estão calejados e se recusam a votar em eleições para qualquer cargo em quem quer que seja. Chegaram à conclusão de que o Brasil é um país bacana, mas é muito confuso em suas entranhas políticas e sem perspectivas de se engajar minimamente no espírito coletivo harmônico. Parece ser um país em crise permanente. Leio essas cartas prevendo que minha vez chegará também dizendo que sou assinante há décadas do diligente jornal e que minha idade está me franqueando desacreditar por cansaço de meu país; afirmando que desde criancinha ouvi discursos sensatos de políticos idem, ao entrarem na governança, e ao saírem demonstraram cretinice; que enganaram ao país e a todos nós. Prevejo que o assinante principiante, se é que ainda haverá jornal impresso, depois de décadas repisará que estará cansado desde da infância de ouvir esses discursos pomposos sobre mudança na vida no país, e que não quer mais confiar em ninguém. Graças a Deus que, daqui alguns dias, alguém me refutará sensatamente injetando ânimo em todos nós e dando vivas ao Brasil.

Eduardo Pereira,

Jardim Botânico

Pobre e desigual

Nas últimas décadas, o Brasil passou por muitas e boas. Superado o populismo getulista, vieram os militares, que, em mais de 20 anos de poder absoluto, muito pouco foi contestado (os poucos contestadores foram severamente punidos), se declararam dispostos a mudar o país desde sua base. O Brasil mudou alguma coisa, nem sempre para melhor, a um custo alto para a cultura e a liberdade de expressão. Sucederam-se governos populistas, conservadores, presidentes de todo tipo, mas o país permaneceu quase igual, enquanto muitas outras nações, antes pobres (a Coreia é um bom exemplo), se desenvolviam, se modernizavam e enriqueciam. Os "explicadores' do Brasil vêm tentando, sem muito sucesso, encontrar as razões que impedem nosso país de deslanchar e o mantêm pobre e desigual, distante do ideal que traçamos para ele no futuro. Esse futuro não chegou e permanece cada vez mais distante, uma permanente promessa, um eterno devir. E nós ficamos sem entender como é que um povo que se considera tão esperto e cordial, vivendo em uma terra tão generosa, não chegou ainda ao tão ansiado Primeiro Mundo. Por meio de uma ginástica mental, tentamos situar nossa pessoa física no Primeiro Mundo, em campo oposto à entidade nacional, que continua afundando no Terceiro. Por mais que isso fira a lógica, fazemos parte de uma nação sem a ela pertencer. Para nós, tanto o povo de nosso país quanto os governantes, que nós mesmos elegemos, são só eles, nunca somos nós. Afinal, nós nos vemos (ou queremos nos ver) como cidadãos do mundo, pairamos acima do mal e só compartilhamos, quando nos convém, algumas coisas que nos parecem ser boas (carnaval, futebol, cordialidade, jeitinho) de nossa identidade brasileira.

Renato Mendes Prestes

Águas Claras

Pec da Bengala

Essa tal "Pec da Bengala", que quer dar um passo atrás na expectativa de vida dos ministros do Tribunais Superiores, é um tapa na cara em nós da terceira idade. Nos Estados Unidos da América, não existe idade limite para o exercício de juiz da Suprema Corte: fica a critério do próprio juiz julgar se está com saúde para continuar como Juiz ou se está na hora de se aposentar. Por aqui, a lei que passou dos 70 para 75 anos a compulsória dos ministros dos tribunais levou em conta a expectativa de vida do brasileiro, bem como por achar que um cidadão com 75 anos está com suas capacidades intelectuais e psíquicas inteiramente normais. Estou com 80 anos de idade bem vividos, e escrevendo este desabafo, por isso que acho um tapa na nossa cara essa tal "Pec da Bengala".

Paulo Molina Prates,

Asa Norte

Sem emenda

O Congresso promete rever as regras para as emendas de relator, que compõem o orçamento secreto (na verdade, roubalheira na cara dos otários contribuintes). Para ter um mínimo de decência, não deveria haver as tais emendas de relator, mas um orçamento claro e compreensível por qualquer cidadão, que poderia acessar e saber em que estão sendo gastos os recursos dos impostos. Mas os espertalhões criam e recriam normas incompreensíveis para facilitar os desvios do dinheiro público. Simples, assim. Sem emenda, mas tudo inteiro para o povo.

Euzébio Queiroz,

Octogonal

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Tags