OPINIÃO

Em nome do inominável

Quando um governo, sozinho e em pouco mais de dois anos de gestão, consegue o feito impensável e histórico de ter contra si a unanimidade dos produtores de ciência e de cultura de todo o país é indício forte de que sua administração, além de prejudicial ao desenvolvimento da nação, possui um caráter reacionário, revelador, talvez, de uma má formação intelectual.

Pode ser também, quem sabe, decorrente de uma aversão típica esse tipo peculiar de governante decorrente de alguma ideologia política do tipo centralizadora. O antídoto ou remédio pode estar nas urnas e nas próximas eleições. Se for algum tipo de desvio psicológico, a situação adquire um certo grau de gravidade, e só pode ser resolvida no âmbito da medicina.

De toda forma, esse é o cenário atual que acomete tanto a classe artística quanto a de cientistas e pesquisadores, praticamente desde o primeiro dia de mandato do atual chefe do Executivo. A questão parece ter extrapolado o simples corte de verbas para essas importantes áreas do país, atingindo níveis de perseguição pessoal a uma classe de cidadãos que, normalmente, tem opiniões próprias, contundentes e, muitas vezes, contrárias a governos.

Mas, analisando a questão material do corte nos orçamentos para a ciência e a cultura, o que se verifica, logo de saída, é que esses setores da vida nacional foram duramente penalizados de uma forma jamais vista em outras épocas. A lista desses setores que sofreram cortes drásticos em seus orçamentos é extensa e reveladora de uma fase obscura, enfrentada tanto pelos pesquisadores quanto pelos artistas nas diversas áreas da cultura brasileira.