Arroubos
Numa conversa, ouvi uma pessoa perguntar para a outra: "E ele pode passar por cima de uma decisão do STF?" Ora essa, em abril/2020, ele já havia exaltado, imitando o Rei Sol: "Eu sou a Constituição!". Imaginem, em qualquer país civilizado do mundo, esse arroubo esquizofrênico (ou arrogante) seria motivo para depô-lo, mas aqui não, e ele continua esbaldando estultices na nossa sofredora paciência, dia sim e dia também.
Lauro A. C. Pinheiro,
Asa Sul
Absorventes
Nosso país tem dificuldade de resolver até problemas corriqueiros, como esse dos absorventes femininos. Trata-se de um produto antigo no mercado, provavelmente com todas as patentes vencidas. Usa tecnologia intermediária na fabricação e materiais convencionais. O governo poderia acionar o Sebrae para que organize uma rede de pequenas empresas para produzi-los a custos reduzidos, gerando mais emprego e renda, num país com tantos desempregados. Para os empresários, o risco seria baixo, tendo o mercado garantido e cativo. Um bom exemplo é apresentado no filme indiano Pad Man (Netflix).
Itiro Iida,
Asa Norte
Cultura
Dias atrás, passei pela Rodoviária do Plano Piloto e, claro, tive que parar e assistir àquela dupla de repente, assim, tão típica nas feiras do Nordeste do Brasil! E não deu outra: foram uns desfiles literários, naquela cantoria, e foram emboladas, repentes, cordéis, martelos agalopados e galope à beira do mar! Bom ver ali que as pessoas, que vinham do trabalho, iam deixando de lado os horários de seus transportes coletivos. E a roda foi aumentando rápido, e quanto mais passavam alguns minutos, a plateia fazia a roda cultural crescer. Uma maravilha presenciar aquele show e com o fervor caloroso da participação popular. Mais ainda: o público vibrante estimulava o poder de criação improvisada daquela dupla de repentistas. Com um detalhe: foi mantido certo distanciamento, devido à pandemia. Posso até pecar agora por não trazer os nomes dos artistas daquele repente; contudo, quem se interessar poderá manter contato com as coordenadoras do evento: Ravena Carmo e Adriana Gomes, organizadoras da linda Antologia Poesia nas Quebradas Vol. 2, edições Kisimbi, Planaltina — DF/2021. E, no intercâmbio cultural, ofertei meu livro Trovas & haicais, 2014, editor Tomaz André da Rocha, Núcleo Bandeirante, — DF. Enfim, foi uma noitada maravilhosa, proporcionada pelo sarau poético-musical, ficando evidente que a cultura e a verdadeira caridade, de fato, não têm fronteiras nem proprietários; pertencem, portanto, a nós todos!
Antônio Carlos S. Machado,
Águas Claras
Boa notícia
A vida seria melhor se os jornais destacassem mais notícias positivas, sujeitos legais e ações exemplares. O sensacionalismo ocupa com predominância a atenção dos noticiários, repercutindo e ampliando o conteúdo violento que desorienta o nosso quadro social. Estampando preferencialmente a barbárie, o crime e a guerra, a cobertura jornalística mostra-se oportunista, animando muito pouco as causas solidárias, generosas e éticas. Truculência e virulência só alimentam o que esse tipo de imprensa tem de pior. Não convém trocar a dialética do esclarecimento pelo eclipse da razão, conforme alertavam Theodor Adorno e Max Horkheimer. O barril de pólvora midiático procura como besta-fera o alimento deixado pela nossa "pulsão de morte", como Freud explica. Tamanho mal-estar na civilização protagoniza horrendo espetáculo no qual o grotesco procura superar o sublime. Justifica-se a escolha sinistra pelo macabro por aumentar os índices de audiência dos jornais — fenômeno já desmascarado por Ciro Marcondes Filho como sendo "o capital da notícia". Por trás desse modelo perverso, do tipo — "espreme que sai sangue" —, segundo termo cunhado por Danilo Angrimani, encontra-se a subtração perversa da nossa capacidade de contemplação, reflexão, ação e sensibilidade. Todos nós merecemos um serviço jornalístico decente e educativo, uma espécie de portal democrático por onde podemos acessar os melhores canais em matéria de alteridade, diversidade e complexidade. O útil e o divertido devem fazer parte de nossas gazetas, espelhando-se na propagação do pluralismo cultural e combatendo o entretenimento vulgar. Jornalismo de verdade se faz com liberdade de expressão e responsabilidade argumentativa.
Marcos Fabrício Lopes da Silva,
Asa Norte
Diferentemente do publicado na entrevista (7/12, pág.18) o nome do presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas do Distrito Federal é Wagner Silveira Júnior, e não Wagner Gonçalves da Silva Júnior.
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