» Sr. Redator

Encenação

A desmoralização gradual do Congresso Nacional é fruto de um trabalho árduo de suas excelências por décadas a fio de submissão aos mandos do Palácio do Planalto e de obediência militante aos desmandos cometidos em causa própria. Uma obra assim não se desfaz num repente. Tanto é que as pesquisas não apontam melhoria na imagem do parlamento, a despeito da mudança de comportamento com a renovação de 52% na Câmara dos Deputados e 85% no Senado Federal. Sábia, a opinião pública preferiu aguardar o caminhar da carruagem antes de acreditar numa efetiva correção de rumos. O que parecia uma nova fase revelou-se como mera encenação, encerrada assim que a Câmara aprovou a reforma da Previdência, passando a bola ao referendo do Senado. Os parlamentares voltaram ao antigo hábito de usar de suas prerrogativas para mandar recados aos outros dois poderes, retaliá-los quando contrariados e exigir contrapartidas do Executivo e do Judiciário. No primeiro caso, a liberação de emendas ao Orçamento em troca de votos. No segundo, a reação contra o Supremo Tribunal Federal (STF), diante do pedido de prisão do deputado federal Daniel Silveira (PSL-RJ), determinado pelo ministro Alexandre de Moraes. No rumo do retrocesso, suas majestades aprovaram alterações na legislação eleitoral que, entre outros disparates, praticamente revogam a lei da Ficha Limpa ao permitir registros de candidaturas sem o crivo de legalidade imposto pelo Tribunal Superior Eleitoral.

Renato Mendes Prestes,

Águas Claras

Atos inesquecíveis

Parabenizo o Correio pelos artigos publicados nesta sexta-feira (17/2). Uma página inesquecível, que merece ser guardada para que nunca esqueçamos o macabro governo Bolsonaro, sobretudo por estarmos a menos de um ano das eleições gerais. Em 2022, os verdadeiros brasileiros, pessoas preocupadas com o futuro desta nação, têm o dever cívico de se recordar de cada passo de retrocesso que significou o trágico governo Bolsonaro. Não será possível colocar na gaveta do "não há mais o que fazer" as quase 620 mil vítimas da covid-19, por total inépcia e desprezo do governo pela vida dos brasileiros. Tanto a professora Mercedes Bustamante quanto o consultor Orlando Thomé fizeram uma radiografia perfeita da atrocidade que representa o bolsonarismo. É impossível deixar de rotular como "cúmplices" do morticínio, da fome, da miséria, do desemprego, do aumento da violência todos aqueles que elegeram Bolsonaro, movidos pelo ódio insano e letal. Para qualquer canto que se olhe neste país, está a marca da mão violenta e mortal do governo: na saúde, na educação, nas políticas sociais, na desumanização com os menos favorecidos, nos atos pró-racistas, nas tentativas de extermínio de povos originários e tradicionais, na destruição do patrimônio natural. Em 2022, não poderemos esquecer das desgraças acumuladas a partir de 1º de janeiro de 2019, que levaram o país ao caos profundo. Não podemos esquecer de cada parlamentar que foi comparsa deste desgoverno. Deputados e senadores bolsonaristas não merecem seguir como representantes do povo, pois são também inimigos da sociedade.

Antônio Jofre Braga,

Lago Sul

Petróleo

O ministro da Economia, com o aval do presidente Bolsonaro, está vendendo a Petrobras. O pré-sal afundou. Tudo isso sob as vistas do guardião da Constituição. No caso da PEC do Calote, que viola mais de 50 artigos da Carta Magna, o ministro Luiz Fux, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), no pronunciamento que encerrou o Ano Judiciário, teve a coragem de afirmar que o STF norteou-se no ano de 2021 pela defesa do Brasil e da Constituição. O povo está apático. Quando Vargas tentou vender a Petrobras, manifestações foram severas e influíram, com o lema: "O Petróleo é nosso". Vargas desistiu.

José Lineu de Freitas,

Asa Sul

Tucanato

Um leitor revela, por meio de carta ao Correio, que se sente decepcionado com o ex-governador Geraldo Alckmin, que deixou o ninho tucano e poderá disputar as eleições de 2022 como vice do ex-presidente Lula. Este leitor deveria se orgulhar da decisão de Alckmin, que mostrou não compactuar com a adesão do PSDB ao desgoverno Bolsonaro, uma gestão desumana e sem qualquer política social. Hoje, o PSDB se confunde com o Centrão, pois é um dos partidos que mais referenda as insanidades de Bolsonaro na Câmara dos Deputados, com projetos que suprimem direitos e conquistas sociais e trabalhistas dos brasileiros. Hoje, os fundadores do PSDB não merecem o ambiente contaminado do partido, totalmente desvirtuado do seu propósito, quando foi fundado logo depois da Assembleia Constituinte de 1987.

Dagoberto Soares,

Sudoeste