Criminalizar a política
O presidente da Câmara, Arthur Lira, acusa o partido Novo de tentar criminalizar a política (Correio, 21/1), por ter apresentado uma ação Supremo Tribunal Federal, para brecar o descabido aumento do Fundo Partidário. E o que é a ação da Câmara dos Deputados, principalmente do Centrão, senão crimes em série contra o povo e o país? Elevar para R$ 5,7 bilhões o maldito e cretino Fundo Partidário; o orçamento secreto — versão atualizada do mensalão —, as reformas previdenciária e trabalhista, o engavetamento do impeachment de Bolsonaro, a flexibilização de regras ambientais, a não derrubado do veto, a indiferença à fome, à miséria e ao desemprego que corrói a vida de pessoas e a da nação. Todos esses exemplos e muitos outros reforçam a suspeita de que o Brasil está sendo gerenciado por criminosos, por gente impiedosa, que usa dos cargos que ocupa para promover o próprio patrimônio. A omissão da Câmara aos atos inadmissíveis do Planalto é a criminalização da política em todos os seus mais diferentes aspectos.
Leonora Lima,
Núcleo Bandeirante
Robinho
A justiça italiana condenou por nove anos, em regime fechado, o ex-jogador Robinho. Contudo, os italianos desejam que o ex-jogador cumpra a pena no Brasil. É um escárnio empurrarem para o Brasil mais um canalha estuprador. Temos muitos por aqui. Soltos, cometendo mais delitos e rindo da cara da sociedade e da canhestra Justiça. Presente de grego dos italianos. No Brasil, o moleque, irresponsável e covarde Robinho não fica preso uma semana. É mais fácil despoluir o Lago Paranoá ou acabar com a pandemia. Nessa linha, opina o brilhante advogado Bruno Henrique de Moura (CB, 20/1): "Robinho não seria preso, porque o Código Penal permite apenas a reparação do dano ou restituição de coisas e sujeitá-lo à medida de segurança, o que não é o caso". Em português claro e rasteiro, a meu ver, é melhor jogar o Código Penal no lixo.
Vicente Limongi Netto,
Lago Norte
Violência
Temos visto, ultimamente, a preocupante exacerbação da histórica violência contra as mulheres por parte daqueles que deveriam ser seus apoiadores, complementos e razão mútua das existências. Os fatos depõem contra os homens. Porém, se não tomarmos cuidado com as análises e atitudes, cairemos no perigoso extremo oposto: quando não há verdadeira liberdade, o sonho do oprimido é virar o opressor. Outro dia, estarrecido, ouvi uma mulher dizer a uma menina: homem nenhum presta. Nessa tendência conflituosa e extremada, até mesmo a fé judaico cristã, entre outras vertentes religiosas, deveria rever seus paradigmas e respectivos livros sagrados, uma vez que estabelecem como axioma basilar que a queda dos seres humanos do paraíso deveu-se exclusivamente a desobediência feminina, ao comer do fruto proibido. Quer visão mais machista que essa? Ainda não ouvi qualquer mulher questionar isso. Na vida real, é impossível o equilíbrio perfeito, a plena igualdade, a ausência de desentendimentos e a paz absoluta. Ou aprendemos a administrar essa realidade de uma maneira ponderada e sensata, ouvindo também os contraditórios, ou continuaremos nessa guerra. Na verdade, a guerra começa dentro de cada um, seja homem ou mulher. Estamos em guerra com nós mesmos e é fácil declarar guerra aos outros também. Devemos nos esforçar em atingir a paz interior relativa, ou cairemos nessa vida cada dia mais abiótica, irracional e irreal.
Humberto Pellizzaro,
Asa Norte
Eleições
À exceção de Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Bolsonaro, que jogam com pretas, brancas e pardas no tabuleiro, será a mais inusitada das eleições desde a retomada do voto direto, na toada de o que der e vier é lucro, os demais candidatos à Presidência da República mostram-se surpresos e aturdidos com a indefinição do eleitorado disposto a votar e com a indiferença do contingente mais propenso à omissão. Diante desse sobressalto, é de perguntar qual parte do desdém oferecido ao cidadão por partidos e políticos que suas excelências não entenderam. Afastam-se completamente da sociedade no intervalo entre as eleições e depois não compreendem a razão pela qual o cidadão reage negativamente quando posto, visto e bajulado na condição de eleitor. Muito provavelmente a situação seria diferente se, no interregno de dois em dois ou de quatro em quatro anos entre os pleitos municipais e gerais, dirigentes, parlamentares e ocupantes de cargos executivos se preocupassem com algo além da própria sobrevivência. Por exemplo, dedicando-se a construir a tal falada ponte entre Estado e sociedade, chegando mais perto das pessoas e buscando entender suas demandas tanto na forma quanto no conteúdo. Nesse balaio se incluem os ditos conservadores, os proclamados progressistas, negacionistas, liberais, gente dos mais variados matizes. Proclama o dito que quem é vivo sempre aparece. Mas não leva em conta o óbvio: se o pretendente ignorar as boas causas, desconhecer as demandas da maioria, renunciar à lógica e voltar as costas ao bom-senso é que não dará certo, pois, de qualquer modo, estará morto no coração, na cabeça e na alma do eleitorado.
Renato Mendes Prestes,
Águas Claras
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