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Correio Braziliense
postado em 23/01/2022 00:01

Elza Soares

"Com as armas de uma canção/A gente tem que acordar/Da lama nasce o amor/Quebrar as agulhas que vestem a dor/Brasil, enfrenta o mal que te consome/Que os filhos do Planeta Fome/Não percam a esperança em seu cantar". Eis um trechinho do fabuloso samba-enredo Elza Deusa Soares (2020), homenagem feita pela Mocidade Independente de Padre Miguel à Voz do Milênio. A cantora e intérprete Elza Soares (1937-2022) foi responsável direta pela construção progressista das representações do feminino nos séculos 20 e 21, sobretudo, no que se refere à vida das mulheres negras no Brasil. "Mil nações/Moldaram minha cara/Minha voz/Uso pra dizer o que se cala/Ser feliz no vão, no triste, é força que me embala/O meu país/É meu lugar de fala", canta Elza Soares, em Deus é mulher (2018). Só mesmo ouvindo e reouvindo Elza Soares para que o Brasil atinja uma educação sensível, autônoma e, portanto, livre de qualquer tipo de colonialismo mental. O país não pode mais ter medo de olhar para si mesmo. Precisa se encarar no espelho, ficando tête-à-tête com os seus vícios e suas virtudes. Precisamos de uma expansão cognitiva que provoque a imaginação do nosso povo a construir os nossos próprios modelos de crescimento e desenvolvimento. Pagamos caro por uma crise crônica, fruto de um socialismo mal compreendido e um capitalismo bem predatório. Para piorar, ainda sofremos de dupla escravidão: física e moral. Triunfando sobre o racismo, o machismo, o sexismo e a misoginia, Elza, desde cedo, nos ofereceu lições corajosas. Logo, no início de carreira, enfrentou destemidamente a língua afiada de Ary Barroso (1903-1964), em programa de calouros: "De que planeta você veio, minha filha?". "Eu vim do Planeta Fome", retrucou Elza Soares. A exemplo da notável artista, uma só pessoa que pensa por si e fala por muitos, dizendo o que sente e não o que se espera que diga, é um governo e uma revolução.

Marcos Fabrício Lopes da Silva,

Asa Norte

Carnaval

Os governadores do Rio de Janeiro e de São Paulo adiaram para abril o carnaval. Chegamos ao mesmo índice de pico da pandemia, quando a variante delta elevou, exponencialmente, o número de óbitos em 2021. Agora, enfrentamos a onda da ômicron. Segundo os especialistas, ela é menos letal do que as cepas anteriores e a vacinação teve papel relevante na proteção dos que, mesmo imunizados, foram infectados nessa nova onda. É prudente suspender os eventos, como o carnaval, que levam a aglomerações, até que haja, efetivamente, uma trégua nessa pandemia.

José Enrique Fonseca,

Asa Norte

Exército e cavernas

Não sabemos o que passa pela cabeça do Bolsonaro. Ele foi oficial da ativa e, hoje, é da reserva do nosso glorioso verde-oliva, que tanto dignifica e tem parcela importante quanto à conservação das nossas riquezas naturais. Lembro do meu tempo no 3º BEC, lá em Natal, havia a determinação da construção da BR-304 entre Natal e Riachuelo e o comandante do Batalhão instruindo o pessoal ligado à agrimensura que tivesse o máximo cuidado com a delimitação de sítios históricos ou de nascentes caso os encontrassem. O ex-ministro Ricardo Salles, a mando do Bolsonaro, desmontou os órgãos de fiscalização e não acreditou no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. Vejam o que está acontecendo com a nossa Amazônia. Mas achou pouco e editou um decreto que autoriza construções de empreendimentos considerados de utilidade pública em áreas de cavernas. Eu pergunto: cadê o nosso glorioso verde-oliva que não se posiciona? Afinal, Bolsonaro não é tudo.

Hortêncio Pereira
de Brito Sobrinho,

Goiânia (GO)

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