Opinião

Dez motivos de esperança para o emprego em 2022

JOSÉ PASTORE - Professor da Universidade de São Paulo e membro da Academia Paulista de Letras. É presidente do Conselho de Emprego e Relações do Trabalho da Fecomercio-SP

Fazer projeções sobre o mercado de trabalho é sempre uma aventura, especialmente em um cenário de tantas incertezas (nova onda de covid-19, inflação disparada, juros em alta, embate eleitoral). Ainda assim vou arriscar e faço isso com base em atividades que me parecem já contratadas para 2022. Esta é a minha lista de esperanças.

1 - Os negócios de alojamento, restaurantes, viagens e estadia em hotéis que estão bombando no momento devem continuar ativos até o fim de 2022, o que ampliará as oportunidades de trabalho. O mesmo deve ocorrer com a expansão dos hospitais, laboratórios e clínicas populares do tipo Dr. Consulta.

2- Agronegócio e minérios prometem boas oportunidades de negócios em 2022 (exportação), o que os levará a abrir muitas vagas de trabalho diretas e indiretas de vários níveis de qualificação.

3- Na infraestrutura, as inúmeras concessões realizadas nas áreas de transporte, energia, saneamento e comunicação (5G) devem ampliar o emprego na construção para realizar as obras de expansão e modernização que, por força de contratos assinados em 2021, têm de começar imediatamente.

4- No âmbito do desenvolvimento regional, o atual ritmo acelerado da reativação de obras paradas e construção de novas no interior do país (casas populares, saneamento, pavimentação, recuperação de rodovias, controle de enchentes, adutoras) deve ser mantido e até aumentado em ano eleitoral, o que gera trabalho para vários tipos de trabalhadores.

5- Com os cofres cheios nos estados e municípios, governadores e prefeitos também vão acelerar obras e serviços de atendimento à população na infraestrutura, saúde, educação, mobilidade urbana, o que deve abrir novas oportunidades de trabalho.

6- A necessidade de descarbonizar a economia por pressões econômicas nacionais e internacionais intensificará as atividades e combate ao desmatamento, despoluição, defesa de fauna e flora tanto nas empresas como nos governos federal, estadual e municipal, o que fará aumentar a demanda por trabalhadores de várias qualificações.

7- O e-commerce acoplado aos serviços de grandes armazéns para depósito e distribuição deve ampliar as oportunidades de trabalho, em especial, para os que se dedicam à logística.

8- A concessão de vários tipos de transferência de renda (Auxílio Brasil, Alimenta Brasil, Vale-Gás, Voucher de Caminhoneiro e outros) deve aumentar o poder de compra das camadas mais pobres e, com isso, ativar os pequenos negócios, o que exigirá a contratação de pessoal adicional.

9 - A crescente preocupação com ESG e diversidade levará as empresas a contratar mais pessoal para agir diretamente nesses temas, com desdobramentos em vários tipos de contratação indireta.

10 - Com a ampliação da segurança trazida pela vacinação, o setor de esportes e entretenimento voltará a contratar os que foram despedidos e até ampliar o quadro de pessoal em 2022.

É claro que todas essas projeções poderão virar devaneios se o Brasil vier a sofrer nova onda de coronavírus com o fechamento de empresas e o isolamento das pessoas. Acho que as incertezas políticas de um ano eleitoral não terão forças para esterilizar as novas atividades e as que estão em andamento, pois a maioria já tem recursos alocados.

A retomada do emprego não será nada retumbante de modo a derrubar a taxa de desocupação para o nível de um dígito, acabar com a informalidade ou elevar o rendimento real que foi tão deprimido nos últimos tempos. Mas permitirá dizer que, no campo do trabalho, 2022 será melhor do que os anos 2020-21. Daqui para a frente, só me resta aprimorar as minhas orações.

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