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Cooperativismo de crédito tem 11,9 milhões de associados

Por PEDRO CALDAS -Presidente da Sicredi Planalto Central

Tendência em todo o mundo, o modelo de cooperação surge como uma opção aos modelos tradicionais de negócios apoiados em grandes bancos. Ele já está em mais de 118 países, segundo relatório do Conselho Mundial de Cooperativas de Crédito, reunindo mais de 274 milhões de associados e ultrapassando a marca dos US$ 2,19 trilhões em ativos.

O crescimento das cooperativas de crédito tem sido evidenciado pelo Conselho Mundial das Cooperativas de Crédito (World Council of Credit Unions — Woccu, na sigla em inglês). Os registros mais recentes contemplam que o segmento conta com mais de 375 milhões de associados e 86 mil cooperativas de créditos em 118 países. A taxa de penetração do segmento — que é calculada dividindo o número total de membros de cooperativas de crédito pela população em idade economicamente ativa de 15 a 64 anos — é de 12,18% no mundo, 16,47 % na América Latina e 8,13% no Brasil. Já nos Estados Unidos e no Canadá, essa taxa apresenta 58,6% e 42,2% respectivamente.

O Brasil já soma 11,9 milhões de associados (sendo 10,2 milhões pessoas físicas e 1,7 milhão pessoas jurídicas) em 847 cooperativas, sendo alicerçado basicamente em sistemas de crédito como Sicoob, Sicredi, Unicred, Ailos e Cresol, que somam cerca de r$ 371,8 bilhões em ativos totais, segundo Panorama do Sistema Nacional de Crédito Cooperativo (SNCC) 2020. Esses dados representam um crescimento no número de associados, com aumento total de 9,4% em relação a 2019 e um salto de 42,1% se comparado há cinco anos, em 2016.

É claro e vibrante o quanto essas instituições vêm ganhando espaço. Num momento em que o mundo passa por grandes mudanças, é preciso fazer escolhas ainda mais consistentes: muitos negócios foram afetados pela crise, e a cultura do cooperativismo aparece como parte da solução para muitos empresários e empreendedores.

O crescimento do modelo cooperativo no Brasil traz benefícios econômicos importantes. Um estudo realizado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) analisou dados econômicos de todas as cidades brasileiras com e sem cooperativas de crédito entre 1994 e 2017 e cruzou informações do Instituto Brasileiro de Geografia (IBGE). O trabalho concluiu que o cooperativismo de crédito incrementa o Produto Interno Bruto (PIB) per capita dos municípios em 5,6%, cria 6,2% mais vagas de trabalho formal e aumenta o número de estabelecimentos comerciais em 15,7%, estimulando, portanto, o empreendedorismo local.

Outros estudos também reforçam a capacidade que as cooperativas têm de gerar valor e impactar municípios menores: as cooperativas conseguem operar em cidades com PIB a partir de R$ 79 milhões, enquanto para os bancos públicos é necessário um PIB mínimo de R$ 146 milhões e, para um banco privado, R$ 220 milhões. Comparado às demais, a rede de atendimento cooperativo está em locais de mais difícil bancarização, ou seja, em regiões que são mais complexas para a rede bancária tradicional conseguir operar.

As cooperativas de crédito seguem ganhando espaço como modelo de negócio ao se mostrarem preocupadas não só com os investimentos, mas com as comunidades onde estão inseridas, investindo em projetos, educação financeira e melhorias para a população. Nesse modelo de negócios, os associados possuem participação e voz ativa nas decisões financeiras e o sucesso eminente e consolidado das cooperativas mostra que é possível atuar com um olhar que vai além do lucro.