Epidemia
Voltamos a apresentar altíssimos níveis diários de mortes e contaminação por covid19: 799 óbitos e 269.000 casos, em 28/1. De 17 a 28/1, as mortes cresceram quase 600% e o total de óbitos no país chegou a 625.884. É um morticínio diário, mostrando, outra vez, a pandemia fora de controle. Autoridades que deveriam governar pensando no bem-estar do povo fazem política, dificultam a vacinação e esnobam a variante ômicron, chamada nas redes sociais de "bendita vacina", por ser mais contagiante e menos letal. Menos letal, mas contagia milhões e desses, pelo menos 1% de forma mais grave. Assim, a cada dia, cerca de três mil pessoas precisam de leitos de UTI no país. Os casos mais graves e 90% das mortes são de pessoas que não se vacinaram ou não concluíram a vacinação. Faltam leitos no país e, só no DF, mais de 1.500 profissionais de saúde estão afastados pela doença. Olhando para o mundo, vemos o Brasil em segundo lugar em número de mortes, só perde para os Estados Unidos, e em primeiro lugar em números relativos entre países com mais de 20 milhões de pessoas: temos 2.952 óbitos/milhão. É preciso aumentar a cobertura vacinal para impedir a proliferação do vírus e novas variantes. Mas parece que a inteligência está de férias e os raciocínios sofistas proliferam. Como esse: a ômicron é mais fraca e a vacina não imuniza por completo. É claro que a vacina não veio de Deus e tem limitações. Outras melhores virão. Mas as que temos nos salvam da morte e de ter uma infecção grave. Graças a elas, milhões de pessoas se salvaram e se salvam todos os dias. E isso é que é importante. Salvar vidas! O resto é política suja, é diversionismo, é perda de foco, de tempo e de respeito.
Ricardo Pires,
Asa Sul
A UnB e a covid-19
Uma coordenadora (pasme-se!) da Faculdade de Medicina da UnB renunciou ao seu cargo entendendo "ser uma incongruência a imposição do passaporte sanitário, desconsiderando os indivíduos que se recuperaram da infecção pela covid-19 e que possuem imunidade natural, bem como aqueles que não sentem segurança nas vacinas disponíveis e julgam que o risco supera o benefício". Seria essa uma inspiração forte para que outros comissionados importantes do governo, negacionistas e também portadores dessa aberração cognitiva dela — que não se vacinou e valoriza o pessoal, em detrimento do coletivo — tomassem a mesma atitude?
Lauro A. C. Pinheiro,
Asa Sul
Luto
Sinceramente, não dá para entender a decisão do presidente Bolsonaro de revogar decretos de luto concedidos por seus antecessores. Qual a finalidade disso? Ideologia não é, pois revogou decretos relativos à pessoas de esquerda, como Miguel Arraes, mas também figuras de direita, como o ex-ministro do presidente Médici João Leitão de Abreu. Será que é simplesmente para demonstrar que tem poder? Que tem a força da caneta, como fez ao declarar luto pela morte do pseudo Rasputin tupiniquim Olavo de Carvalho? Parece-me muita falta do que fazer!
Paulo Molina Prates,
Asa Norte
Tecnologia e emprego
Em uma das previsões mais marcantes que faz em seu livro Sapiens, o escritor israelense Yuval Noah Harari imagina um mundo em que a inteligência artificial avança de tal forma que torna obsoleto o trabalho de boa parte da humanidade. O mais alarmante nesse futuro possível é o quanto ele está próximo da realidade atual. Um estudo realizado pela consultoria americana Gartner mostra que, em 2020, o uso de máquinas que reproduzem o raciocínio humano extinguiu 1,8 milhão de empregos e algumas profissões se tornaram completamente ultrapassadas devido ao avanço da tecnologia, incluindo carreiras técnicas e com remuneração mais elevada em áreas de produção e administrativas. No Brasil, por exemplo, entre 2009 e 2019, não foi registrado um único ano sequer de crescimento do emprego formal com mais de dois salários mínimos, segmento típico das ocupações médias nos escritórios e fábricas. Parece incontestável que, no Brasil, boa parte do atual contingente de 12 milhões de desempregados jamais retornará às suas antigas funções. A indústria e o comércio, em ambiente de pouco crescimento, estão realizando, rapidamente, a transição para o ambiente digital como forma de substituir a mão de obra demitida, ganhar eficiência e deixar de pagar pesados encargos trabalhistas com novas contratações ante a melhoria do cenário econômico. A situação é igualmente séria para os jovens que buscam o primeiro emprego e que têm pouquíssimas chances de obtê-lo nas mesmas condições das gerações anteriores. Em breve, será muito difícil ver um jovem conquistar um padrão de vida melhor que o de seu pai, prevê o economista José Pastore, professor da Universidade de São Paulo (USP). Assistiremos à inversão de boa parte da lógica social. Em vez de o filho cuidar do pai na velhice, o pai continuará contribuindo para a subsistência do filho por mais tempo, situação que vem ocorrendo.
Renato Mendes Prestes,
Águas Claras
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