Perdidos
Acompanho atentamente as informações sobre as eleições e cheguei à conclusão de que estamos perdidos. De um lado, o atual presidente, um tremendo falastrão, que não mede as consequências de suas declarações. De outro, um candidato mentiroso, vingativo e, acima de tudo, corrupto, como é amplamente divulgado pela imprensa. A falada terceira via não existe. Diante de tudo isso, vale lembrar um dos dizeres do interior de Minas: "Estamos no mato sem cachorro".
Paulo César Ferreira,
Asa Sul
Dia do caçador
O conluio do então juiz Sergio Moro e os meninos de Curitiba, os procuradores antipetistas, para quebrar o PT, começa a queimar as costas do ex-magistrado. Por mais que ele queira convencer o universo de que não se refastelou com os recursos das empreiteiras, pilhadas na corrupção, dificilmente alguém vai acreditar. A norte-americana Alvarez & Marsal, com filial no Brasil, foi contratada para fazer a recuperação das empresas alcançadas pela Lava-Jato. e, em seguida, contratou o ex-juiz da Lava-Jato defenestrado do governo do capitão Bolsonaro. Moro, ainda no exercício da magistratura, não pensou duas vezes para aceitar convite do então candidato Jair Bolsonaro para assumir o comando do Ministério da Justiça, com a promessa de ser indicado ao Supremo Tribunal Federal (STF). Quando imaginou que chegaria ao topo da carreira, se viu preso numa casa de maribondos (governo Bolsonaro). Saiu cheio de ferrões, que o deixaram com profundas cicatrizes. Como confiar em um ex-juiz passional e parcial nas tomadas de decisões, que, em sua maioria, afrontaram a legislação penal e a Constituição Federal. Como dar crédito a um ex-juiz de extrema direita. Eleger Moro é estender o mandato desastroso e vergonhoso de Jair Bolsonaro. A meu ver, salvo melhor juízo, o ex-juiz deveria procurar emprego, para passar menos vergonha como candidato ao Palácio do Planalto. Um dia ele foi caçador, mas, agora, tornou-se caça.
Euzébio Queiroz,
Octogonal
Dualidades
Não há amor sem ódio. Cada um traz dentro de si a semente dos dois. A paz não existe sem luta (guerra), mas que seja uma luta justa e a paz sempre maior. Os maiores causadores da violência são os pacifistas extremados. A liberdade anda junto com o condicionamento. Para ser livre, relativamente, é preciso disciplina. A saúde sem a doença é impossível. Combater a doença frontalmente é insensatez, porque é o mesmo que combater a saúde. Prazer e dor (doença) são inseparáveis. Não há virtude sem precariedade. A vida é feita de opostos complementares, indivisíveis, proporcionais, simultâneos. É antagônica, contraditória, efêmera, imprevisível, desconhecida e misteriosa. Essa é a sua beleza. Se fosse totalmente conhecida e previsível, não atrairia ninguém, perderia o sentido. Procurar obstinadamente só um lado das coisas é esquizofrenia, loucura. Tudo está condicionado, não há nada incondicional no mundo relativo, manifestado. Amor, paz, saúde, liberdade e felicidade descondicionados só pode existir no universo imanifestado, absoluto, inexistente. O maior problema do mundo é a desproporcionalidade dos opostos, onde o sofrimento e a dor tornaram-se maiores que seus complementos, porque estes estão sempre sendo perseguidos pela humanidade. Não há caminho para a verdade, ela não tem tempo, nem templo, nem qualquer lugar onde possa ser encontrada. Ela é viva, se move constantemente. Ninguém, nem nenhuma crença ou livro pode revelar a verdade a quem quer que seja. Cada um precisa descobri-la por si mesmo, embora seja indispensável a orientação de quem já a descobriu antes. Os ideais puros são utopia, apenas teoria abstrata, fruto da imaginação. O perigo é a imaginação. Quando perguntaram a Jesus o que é a verdade, ele se calou. Buscamos um lugar em que só haja alegrias, sem sofrimentos, mas esse lugar não existe. Viver é sofrer. Mas podemos aprender a sofrer menos e ter satisfação relativa maior que o sofrimento. Ao procurarmos a satisfação máxima, fanaticamente, encontraremos o seu oposto. Tudo é ilusão, só existe a relatividade absoluta.
Humberto Pellizzaro
Asa Norte
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