Repetia o filósofo de Mondubim que "é no vácuo de autoridade que as irregularidades encontram meios para se expandir". Trata-se aqui de uma máxima que pode ser constatada em todo e qualquer local onde o caos urbano é o fator dominante.
Em se tratando de um bairro como o Lago Norte, um dos endereços nobres da capital e onde o metro quadrado das casas e lotes está entre os mais caros do país e os impostos e taxas são altíssimos, a presença e a proliferação silenciosa da desordem urbana pode ser vista logo na entrada do bairro, no primeiro endereço comercial, situado nas cercanias do supermercado Pão de Açúcar, antiga SAB, na SHIN QI 02.
Ali, o descaso e a falta de fiscalização ao longo dos anos, favoreceram a fixação de diversos barracos de madeira improvisados, onde se vende de tudo e a vigilância sanitária parece ter esquecido de atuar. São inúmeras instalações de madeira, dispostas desordenadamente em volta do estacionamento local e que crescem a cada ano, sob os olhares passivos e até suspeito das autoridades.
A área não oferece os mínimos requisitos de urbanidade, sem projeto, sem infraestrutura permanente, sem desenho urbanístico, sem projeto paisagístico, tudo numa improvisação que deixa a cargo dos ocupantes dessa área todo e qualquer cuidado.
Mais recentemente, os ocupantes resolveram, por conta própria, cercar a área, inclusive, para preservar os puxadinhos que construíram ao arrepio da lei. Trata-se de uma situação que se prolonga há décadas e pode ser verificada ainda em outras áreas comerciais do mesmo bairro, como é o caso da Quituarte, um imenso barracão de madeira, lata e alvenaria que há anos funciona no canteiro central do SHIN QI 10.
No passado, a ideia dos moradores locais era implantar nesse canteiro, uma espécie de jardim gastronômico, onde, em meio aos quitutes servidos, haveria uma exposição semanal de arte e de artesanato. Com o tempo e com o descaso do governo em regularizar uma situação ideal, a Quituarte foi se consolidando, seguindo apenas a intuição dos novos ocupantes do local e, hoje, é uma realidade improvisada da qual a vigilância sanitária e outros órgãos de fiscalização passam longe.
São situações consolidadas que, ao olhar de urbanistas se caracterizam como aleijões construtivos que prejudicam não só esteticamente o bairro, como deixam claro a pouca ou nenhuma vontade das autoridades em dar um rumo correto a essas situações. Segundo moradores que se preocupam com as distorções desse tipo, pressões políticas e o lobby poderoso de pessoas na capital impedem que o descalabro urbano seja resolvido para o bem da comunidade.
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