Depois de dirigentes da Organização Mundial da Saúde (OMS) traçarem um cenário de arrefecimento da pandemia de covid-19 na Europa e na África, devido às altas taxas de contágio da variante ômicron, o Brasil terá uma semana decisiva para um diagnóstico mais preciso sobre a situação da crise epidemiológica em território nacional. No país, a média de infecções está em declínio e existe a expectativa que, caso o pico de casos ainda não tenha sido atingido no início do mês, o ápice deve ocorrer nos próximos dias.
Quanto às mortes, o prognóstico ainda é sombrio: devem continuar em alta, estimam integrantes do Ministério da Saúde, pelo menos até o fim de fevereiro. Isso ocorre porque as duas curvas não evoluem no mesmo ritmo. Em geral, os óbitos são consequência dos casos graves e de internações ocorridas, em média, 15 dias atrás. Além disso, existe um descompasso entre a chegada e a velocidade da transmissão da cepa em cada estado e município. E, ainda, em relação ao número de infectados que adoecem e acabam perdendo a vida.
Nos Estados Unidos, por exemplo, a ômicron levou o número de testes positivos a ultrapassar a marca de 1 milhão por dia. Nas últimas semanas, a taxa de contágio entrou em declínio, mas, nos últimos dias, registros de mais de 3 mil óbitos em 24 horas voltaram a assombrar os americanos. Mesmo assim, estados, como Nova York, suspenderam uma série de restrições sanitárias, como o uso obrigatório de máscaras em determinados ambientes abertos. E, em recente entrevista, o principal assessor da Casa Branca sobre a pandemia, Anthony Fauci, disse acreditar que a fase mais difícil da crise epidemiológica nos EUA já teria ficado para trás.
Assim como no território americano, a propagação desigual do vírus no Brasil fica muito mais evidente quando se observa os dados de contágio nas regiões, estados e municípios. A queda mais acentuada na trajetória de casos acontece há mais tempo no Rio de Janeiro. Começou pela capital e depois se estendeu a todo o estado. Mas, no Sudeste, também é possível observar a mesma tendência, de forma menos incisiva, em São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo. "Minas já superou o pico de novos casos registrados de covid-19, e a tendência é de queda nos próximos dias", afirmou o médico Fábio Baccheretti, secretário estadual de Saúde.
Na última sexta-feira, em visita à África do Sul, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, afirmou que a "fase aguda" da pandemia pode chegar ao fim em 2022 se 70% da população mundial for vacinada contra a covid-19 até o meio deste ano. "Está em nossas mãos. É uma questão de decisão", disse. No Brasil, mais de 70% da população está completamente imunizada. Essa taxa chega a 85% na faixa etária das pessoas com 12 anos ou mais. E a mais de 90% apenas entre os adultos, os primeiros a receberem as doses do fármaco.
No momento em que o país entra em estágio decisivo no enfrentamento ao coronavírus, o comportamento dos brasileiros será crucial para superar a atual fase da pandemia. Sobretudo com o uso de máscara e evitando a tentação de participar de aglomerações no carnaval que se aproxima. Além disso, é preciso tomar a vacina. Todas as doses. Levantamento feito pelo governo na Suíça reforça os efeitos benéficos da imunização: o risco de morrer entre pessoas não vacinadas é 50 vezes maior do que entre os vacinados, sobretudo entre aqueles que receberam a injeção de reforço.
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