A exemplo de outros países, como África do Sul, Reino Unido, França, Espanha, Portugal, Itália, Israel e Estados Unidos, o Brasil dá sinais de que já passou pelo pico de infecções provocadas pela variante ômicron. O auge do contágio ocorreu em 3 de fevereiro, quando foram registrados 298.408 diagnósticos positivos em 24 horas, conforme dados oficiais do painel diário mantido pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass). Nessa data, a média móvel de sete dias era de 189.526 casos a cada 24 horas. Na sexta-feira, depois de duas semanas de queda, estava em 110.479.
Cientistas explicam que a disseminação da cepa, altamente transmissível, parece seguir um padrão. Em um primeiro momento, ocorre a explosão de casos, que dura de quatro a seis semanas de contágio em alta velocidade. Em seguida, em igual período, começa o declínio, de forma igualmente intensa. É o que se verifica ao observar o gráfico do que aconteceu na imensa maioria dos países que já passaram pela fase mais aguda de infecções pela ômicron. A curva de contágio se assemelha ao movimento brusco de uma montanha-russa bem íngreme, tanto na subida quanto na descida.
No entanto, especialistas chamam a atenção para o descompasso entre a curva de casos e a de mortes. Enquanto os registros de infecções estão em ritmo acelerado de queda há duas semanas, o número de óbitos se mantém em patamar elevado. Na última sexta-feira e nos dois dias anteriores, o Conass apontou mais de mil vidas perdidas a cada 24 horas na batalha contra o vírus, com média móvel de sete dias permanecendo acima de 800 falecimentos, com leve viés de baixa..
Para efeito de comparação, os Estados Unidos chegaram a registrar mais de 1,5 milhão de casos em um único dia no auge da explosão de ômicron no país. A descida tem sido igualmente vertiginosa. Os EUA encerram a sexta-feira com a média móvel semanal com cerca de 110 mil infecções por dia e com mais de 2,2 mil mortes. Na quarta e na quinta-feira, o total de óbitos em 24 horas ficou acima de 3 mil. Como a onda de contágio ocorre em velocidades diferentes no país, diversos estados americanos começaram a suspender restrições contra a covid-19.
Na Europa, o escritório regional da Organização Mundial da Saúde (OMS) prevê um período de tranquilidade pela frente após a superação da atual crise epidemiológica, que passaria de pandemia para o estágio de endemia, semelhante ao das gripes. No Brasil, estimam pesquisadores, existe, de fato, a expectativa de que o país também esteja prestes a superar essa etapa. Mas, apesar da esperança, cientistas temem a proximidade do carnaval e alertam que o momento é de intensificar os cuidados, para que não haja riscos de retrocesso.
Por isso, em vez de otimismo, eles reforçam a orientação para que as pessoas não deixem de tomar todas as doses da vacina, continuem a usar máscaras e mantenham distância de aglomerações. Afinal, mesmo com a curva de casos imbicada para baixo, não há garantias de que a descida no país será sem sobressaltos. A previsão de alguns epidemiologistas é de que a curva de óbitos se manterá no patamar atual até o início de março.
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