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Artigo: O trabalho invisível que salva vidas

Correio Braziliense
postado em 14/03/2022 06:00
 (crédito: Minervino Junior/CB/D.A Press)
(crédito: Minervino Junior/CB/D.A Press)

DOVERCINO NETO - Presidente da Federação Nacional dos Policiais Rodoviários Federais (FenaPRF)

Diz o ditado que "é melhor prevenir do que remediar". Com essa visão que salva vidas e um trabalho silencioso e eficaz, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) divulgou o balanço da Operação Carnaval, realizada entre 25 de fevereiro e 2 de março, que teve por objetivo "promover a segurança viária nos deslocamentos dos usuários pelas rodovias federais". Segundo a corporação, foram mais de 300 mil pessoas fiscalizadas, com 77.832 autos de infração, 78.958 testes de etilômetro e 1.092 prisões. Aconteceram 330 acidentes graves, com 106 mortes e 1.298 pessoas feridas, além da recuperação de 201 veículos roubados, a apreensão de 2 toneladas de maconha e 437 quilos de cocaína durante a operação, que parou 132.931 veículos em todo o país.

O levantamento aponta que houve alta em todos os registros em comparação com 2021, tanto no que diz respeito ao aumento nas fiscalizações e apreensões, quanto, infelizmente, na quantidade e na letalidade dos acidentes de trânsito, apesar do máximo empenho dos policiais no combate à violência nas rodovias brasileiras.

Um fato extremamente importante: a visão que a sociedade tem dos PRFs é a de uma polícia cidadã, que protege, informa e que ajuda e orienta motoristas Brasil afora. Outro fato que merece destaque são os números que mostram claramente o trabalho silencioso e eficiente que os policiais rodoviários federais desenvolveram apenas em um período relativamente curto. O dia a dia dos PRFs é tão agitado quanto nos feriados prolongados, mas a estrutura disponível está bastante aquém do necessário.

Muito se falou nos últimos meses sobre aumento nos salários, mas pouco se informou sobre a necessidade de reestruturação da categoria. Quando o presidente Jair Bolsonaro declarou que destinaria recursos do Orçamento de 2022 para os PRFs, ele estava reconhecendo a importância e a necessidade de reestruturar uma carreira tão desestruturada em sua organização. Não se pode deixar de lembrar que, desde que deixou de fazer parte do antigo Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (Dner) e passou a integrar a estrutura do Ministério da Justiça, a PRF jamais teve uma reestruturação.

Vale destacar que a PRF atua em mais de 75 mil quilômetros de estradas e rodovias federais de norte a sul do país, por onde circula a maior parte da economia nacional. Por isso a importância de seu trabalho e a responsabilidade que os cerca de 12 mil policiais rodoviários federais têm em garantir a livre fluidez viária e a defesa da vida, além do combate aos mais variados tipos de crimes.

A despeito da reconhecida entrega que a PRF faz à sociedade brasileira, a limitação da estrutura organizacional hoje existente impede ou limita os resultados da atuação da corporação nos recorrentes recordes de apreensões de drogas, armas, munições, contrabando, recuperação de veículos, fiscalizações e ações educativas para um trânsito mais responsável e seguro.

Enfatizamos que a reestruturação da carreira e da instituição PRF não se trata de nenhuma medida de bondade ou benevolência. Se trata, sim, de uma necessidade, que beneficiará toda a sociedade e, nesse sentido, estamos apresentando dados comprovando a carência que se apresenta frente às demandas de um Brasil em desenvolvimento, que exige uma segurança pública mais eficiente que assegure que a prosperidade econômica e social não esbarre na ausência estatal, pois são diversos os pilares que compõem a organização e o desenvolvimento da nação, como o investimento em educação, em tecnologia, na matriz energética, na infraestrutura e, certamente, em segurança pública.

Se perguntarem a qualquer policial rodoviário federal qual o maior desejo da categoria, a resposta será única: desenvolver o trabalho, de preferência preventivo, de forma silenciosa e eficaz, como sempre fizeram, e principalmente salvar vidas. Que os PRFs ainda trabalham com limitações e barreiras estruturais e organizacionais, isso é fato. Agora, podem imaginar o resultado desse mesmo serviço sendo executado após o fortalecimento institucional e a efetiva reestruturação da carreira?

 

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