Tecnologia

Vanderlan Cardoso: Como a 5G vai levar internet para escolas municipais

Correio Braziliense
postado em 24/03/2022 06:00
 (crédito:  AFP / Pau BARRENA)
(crédito: AFP / Pau BARRENA)

Vanderlan Cardoso - Senador pelo PSD de Goiás

Mais de 13 milhões de pessoas perguntaram ao Google: "Como a Rede 5G vai mudar a sua vida?". Quando comecei a lidar com o tema também achava distante e frio, como qualquer outra novidade tecnológica. Mas, depois de ficar um ano e meio na presidência da Comissão de Ciência, Tecnologia, Comunicação e Informática, a CCT do Senado, aproximei-me muito do assunto e fiz parte da comissão para implantação da tecnologia 5G no Brasil. É uma das experiências mais enriquecedoras para quem gosta de inovação.

Quando se pesquisa s benefícios da 5G as primeiras respostas são a velocidade 20 vezes maior do que no 4G. Além de uma infinidade de possibilidades tecnológicas, essa velocidade possibilitará a comunicação de dispositivos máquina a máquina por meio da Internet das Coisas, a IoT. É a revolução tecnológica em curso no desenvolvimento de cidades e casas inteligentes, novas indústrias, agronegócio, telemedicina com cirurgias remotas cada vez mais precisas, no futuro carro autônomo e muitas outras inovações para facilitar a vida do ser humano. E expectativa é de mais desenvolvimento, mais empregos, mais renda e mais qualificação profissional.

Mas vale registar um benefício que vai transformar também a vida de um público muito necessitado de inclusão tecnológica. Os estudantes brasileiros, seus professores e todos os profissionais da educação. O leilão do 5G garantiu o compromisso do poder público de conectar 85% das escolas até o ano de 2028. Dos R$ 47,2 bilhões que devem ser investidos pelas empresas privadas, R$ 3,1 bilhões — o equivalente a 6,5% — vão para a área de educação. Essa é uma notícia alvissareira não apenas para as escolas, mas para toda a comunidade de um município.

O Grupo de Acompanhamento do Custeio a Projetos de Conectividade de Escolas (Gape) é o responsável por supervisionar a destinação desses recursos (R$ 3,5 bilhões) levantados com a venda de lotes na frequência de 26 GHz no leilão da 5G feito pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) em novembro do ano passado. As empresas compradoras têm a obrigação de levar essa internet de alta velocidade a escolas públicas do ensino básico. O Gape vai mapear as escolas, suas necessidades e garantir conectividade aos alunos nos municípios brasileiros.

É inimaginável a diferença que isso fará na vida desses alunos, professores e diretores. Digo isso porque conheço o trabalho da mediação tecnológica no ensino a distância feita nos estados do Amazonas e de Rondônia. São estados onde os estudantes têm dificuldade de lomoção via terrestre e o programa foi implantado para que mais alunos tenham acesso a um conteúdo pedagógico de qualidade nas escolas ribeirinhas. Assim, as aulas são transmitidas ao vivo via-satélite, com recursos visuais e tecnológicos. Vale lembrar que não são aulas gravadas. As aulas são preparadas cuidadosamente por uma equipe multimídia, com recursos audiovisuais e interativos. Tudo para o aluno não perder a interação com o professor. Isso só acontece porque o satélite garante essa transmissão das aulas ao vivo.

Muitos estados tentaram copiar esse modelo bem sucedido no Amazonas, mas ocorre que a transmissão via-satélite é um meio de alto custo para os governos estaduais e municipais. A chegada da Rede 5G, com esses investimentos em educação, vai mudar essa realidade na Região Norte e de todas as regiões do Brasil, que, mesmo antes da pandemia do novo coronavírus, necessitavam de um bom sinal para transmitir as aulas a seus alunos. Com um sinal de qualidade, as aulas poderão ser ministradas ao vivo e também acessadas depois de gravadas. Em muitos estados brasileiros, a comunidade escolar enfrenta essa dificuldade de acesso presencial à escola, seja com transporte rural, distância, barreiras geográficas, como acontece em Goiás, na Comunidade Kalunga (quilombolas) na região nordeste do Estado.

A pandemia do coronavírus mostrou ser possível amenizar essa distância, mas expôs a necessidade urgente de as escolas públicas estarem conectadas, e reduzir o abismo entre estudantes de baixa renda com os que têm condições de pagar internet rápida em casa. Com esse investimento, idealizado pela Frente Parlamentar de Educação do Congresso Nacional e abraçado pelo Ministério das Comunicações, a internet rápida nas escolas municipais quebrará essas barreiras geográficas e transformará a vida de milhões de famílias por meio da educação. Cabe a todos nós garantir que esse benefício chegue às comunidades mais necessitadas e mais distantes.

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