» Sr. Redator

Vilão ambiental

Nem sempre gostamos de admitir. Mas a verdade é que nosso país conta pouco na cena global. Respondemos por apenas 1,4% das exportações mundiais. A China, para ficar no exemplo mais impressionante, tem 14% das vendas totais. Se descontarmos a presença marcante em algumas commodities, no geral, somos coadjuvantes. Também pouco se fala do Brasil lá fora, e, frequentemente, as raras notícias não são boas. Mas há uma marcante exceção: a área ambiental. É quando viramos gigantes. Somos uma potência ambiental: é impossível pensar no futuro do planeta sem levar em conta os rios, as florestas e a biodiversidade. Por isso mesmo, é impossível não se preocupar com a destruição de nossos rios, florestas e biodiversidade. Após uma década de redução vertiginosa do desmatamento no país, quando as coisas pareciam estar entrando nos eixos, desde 2012 acompanhamos os índices de destruição aumentarem. Há indícios preocupantes de que, em 2021, a área desmatada pode ter crescido ainda mais. Some-se a isso uma retórica desastrada gestão do Ministério do Meio Ambiente, e o resultado é que arriscamos virar o principal vilão ambiental do mundo, segundo algumas das mais renomadas publicações internacionais. O governo se defende dizendo que o crescimento do desmatamento começou muito antes de sua chegada ao poder. Está certo. Diz também que muitos dos países que nos acusam destruíram no passado quase toda a sua cobertura nativa, e portanto, não tem moral para nos dizer o que fazer. E novamente está certo. Mas isso em nada alivia a situação brasileira: é imperioso cuidar já do destino da maior floresta do mundo. E precisamos provar que o desenvolvimento humano é plenamente compatível com a floresta em pé.

Renato Mendes Prestes,

Águas Claras

O vice

Bolsonaro amadureceu o nome. Bateu o martelo e escolheu no pregão dos oferecidos e cotados, o general Braga Neto como candidato a vice, nas eleições de outubro. O chefe da nação tem o direito de escolher quem quiser. A batata quente é dele. Que embale e cuide do astro que tirou da cartola. O ministro da Defesa é homem probo. Virtude saudável, mas não suficiente para enfrentar ávidos animais políticos. O sisudo Braga Neto não tem estofo nem cancha para dialogar com parlamentares. Políticos experientes não costumam avançar em diálogos e ações, com vice que não tem votos. O general também enfrenta arestas nas Forças Armadas. Decidindo por Braga Neto, Bolsonaro imagina que não ficaria refém do Centrão. Esquece que eleição se ganha com votos. O chefe da nação foi deputado. Sabe que, no surrado e viciado presidencialismo brasileiro, ninguém governa sem o apoio do Congresso. Hoje, o poderoso e guloso Centrão apoia Bolsonaro. Mas até as eleições as nuvens da política, cantadas pelo matreiro Magalhães Pinto, podem mudar de prumo.

Vicente Limongi Netto,

Lago Norte

Garantia duvidosa

O presidente Bolsonaro tem se gabado de fazer um governo sem escândalos de corrupção. A trajetória, supostamente honesta, agora, foi interrompida, pelos raios e trovoados que caem no Ministério da Educação. O amador ministro deixou escapar que dois pastores, por recomendação do presidente, são intermediários ante prefeitos para a liberação de recursos federias — sem meias palavras são negociadores e, para isso, devem embolsar uma percentual do valor destinado à educação municipal. E qual é o nome que dá a esse tipo de negócio senão negociata ou corrupção?

Joaquim Honório,

Asa Sul

Elis

Tenho mais de 50 anos como pesquisador de nossa música popular, com vários livros publicados e, sem falsa modéstia, elogiados por personalidades como Sérgio Cabral, Ricardo Cravo Albim e outros que admiro muito o desvelo e denodo de relevantes estudiosos. Admiro muito o desvelo e denodo do Irlam Rocha Lima para com o nosso cancioneiro, mas discordo, humildemente, do teor de seu artigo sobre Elis Regina. Ela era uma pessoinha insuportável, grosseira e desrespeitosa que se achava dona da verdade. É verdade que tinha um instinto sobrenatural para o bom gosto. Eu tive muitas vezes, oportunidade de entrevistar músicos de conjuntos e, para minha surpresa, não a consideravam a "rainha da voz" Preferiam acompanhar Elizeth Cardoso, a quem ela destratou e levou o maior pito, ficando mansinha. Também surrupiou música prometida a Bete Carvalho para gravar . Como falei, conversava muito com os músicos sobre vozes. Elis nunca foi unanimidade. Preferiam Elizeth, Entre os antigos, surpreendeu-me a preferência deles por Silvio Caldas, preterindo o intocável Francisco Alves. Roberto Silva, o "príncipe do samba", para eles dava de 10 a 0 no Zeca Pagodinho. Podem ser opiniões discutíveis mas reais. O brasileiro prefere os bobocas como Datena, Sikeira e Ratinho, que acreditam ser formadores de opinião enganosa. Gente, pé no chão! valorizem os poucos esclarecidos que ainda restam milagrosamente. Deixemos de ser "maricas" e bobos da corte..

Renato Vivacqua,

Asa Norte