» Sr. Redator

Correio Braziliense
postado em 21/04/2022 00:01

Parabéns, Brasília!

Basta um passeio rápido pela Esplanada dos Ministérios e pelo Pontão do Lago para visualizar cenários de cinema na capital. Locais lindos para registrar não faltam na cidade que têm o céu como um dos principais atrativos aos turistas. Na cidade, que abriga os Poderes do país, a arquitetura de formas curvas de Oscar Niemeyer e os prédios baixos possibilitam um entardecer de cinema em qualquer lugar. Brasília é uma grande exposição a céu aberto. Céu de Brasília, tesouro que todos podem apreciar. Viva! Parabéns, Brasília, pelos 62 anos de beleza e encantamento!

José R. Pinheiro Filho,

Asa Norte

» Brasília completa 62 anos. Erigida por JK para ser uma cidade moderníssima, em diversos aspectos está paralisada e superada e necessita de atualização. Os estacionamentos escasseiam, como é normal em qualquer cidade, mas não se vê nenhuma iniciativa de solução, que poderia ser garagens subterrâneas e edifícios-garagem. Há setores que são verdadeiras excrescências, como SHLS, SHLN, SGAS 915. A W3 Sul é uma via de aspecto vergonhoso. O trabalho de construção de calçadas foi muito bom, mas necessita de incentivos para limpeza e reativação dos comércios. O sistema de semáforos é ultrapassado, sem sincronização. Sinais com indicação do tempo para fechamento, que outras capitais e cidades do interior têm, aqui não existem. Sinais, que deveriam ser acionados por pedestres, funcionam automaticamente, provocando interrupção do trânsito sem necessidade. As paradas de ônibus não têm dispositivo que indiquem o próximo ônibus e o tempo para que chegue. Os eixos não têm recuos, onde se possa parar em caso de enguiço. Qualquer veículo, que tenha problema, para na via e causa congestionamento. O sistema de transporte precisa ser aperfeiçoado com o término do metrô, implantação de VLT e outras facilidades de movimentação antes que se pense em cobrança de estacionamento. Em certos aspectos, Brasília parou no tempo.

Roberto Doglia Azambuja,

Asa Sul

» Brasília, 62 anos! Quando vim ao Planalto Central pela primeira vez foi de avião. Um vôo arriscado, com uma tempestade que balançava a pequena aeronave a hélice. A pista do aeroporto era de terra e, após a aterrissagem, ficamos esperando uns 10 minutos, até a poeira vermelha baixar. Nossa residência era no Paranoá e o Lago ainda não estava cheio. Foi o meu primeiro contato com o cerrado, que eu comecei a admirar e a conhecer cada vez mais. Depois, mudamo-nos para a Vila Planalto, onde pude viver o cerrado em plenitude. Nesses primeiros anos de Brasília, as crianças viviam soltas na natureza. Eram trilhas a pé e de bicicleta, colhendo os muitos frutos que existiam: gabiroba, pequi, caju, bacupari, cagaita, mangaba, araticum, jatobá, pitanga, abiu, baru, e quanta, quanta coisa mais! Que variedade de árvores e plantas... Tudo me fascinava, desde o trabalho incessante das incansáveis formigas, até as aves e os animais maiores, como as antas, as suçuaranas, os veados e os lobos-guará. E que flores lindas ! Essas eram o que eu mais apreciava. Fui passarinheiro e aprendi as manhas para capturar as avezinhas, até o dia em que dei-lhes liberdade. Frequentei assiduamente a Lagoa do Jaburu, a Água Mineral, o Brejinho da UnB e a cascalheira do lago, onde hoje é o Clube de Golfe. Aquela energia me penetrava com tanta intensidade que, por vezes, deitava só de calção na terra vermelha e rolava, rolava, para desespero da minha mãe... Às vezes, saia bem cedo de casa e me embrenhava no mato, sem qualquer receio, passando o dia todo explorando solitariamente o ambiente, sentindo-me totalmente integrado, voltando apenas tarde da noite. Mal sabia dos riscos que corria. "Deus protege os santos e os tolos", diz o adágio. Sob o sol e a chuva, alimentando-me com simplicidade, sob o frio e andando de pés descalços, foi assim que passei a ter a saúde e a alegria que não conheci na cidade grande. E a amar Brasília e o cerrado. As atuais gerações não tiveram essa oportunidade, assim não dão o devido valor e procuram tresloucadamente pela fonte da vitalidade, que, para mim, era tão clara, óbvia e simples.

Humberto Pellizzaro,

Asa Norte

» Creio que como eu, há muitas pessoas que se sentem brasilienses, embora tenham nascido em outras capitais. Não chega a ser uma negação da cidade materna, mas sentimento de pertencimento a esta cidade que guarda nossas referências de vida: infância, adolescência, primeiro namoro, casamento, terra de nossos filhos. É a cidade onde estudamos, nos formamos, e construímos uma carreira profissional, edificamos nossa casa... Enfim, foi neste barro vermelho que enraizamos nossa existência, numa disputa respeitosa com a vegetação do cerrado. Cheguei aqui antes de a cidade ser inaugurada (nascer para o país e para o mundo). Hoje, à beira dos 70 anos, não consigo me ver em outra cidade que não seja Brasília. Uma cidade, que apesar de tantos maus tratos, é acolhedora a todos, não importa de onde venham. Parabéns, Brasília!

Walquíria Ramos,

Park Way

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