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Artigo: Saídas simples

Correio Braziliense
postado em 24/04/2022 06:00
Igreja de Lourdes, um dos pontos de Belo Horizonte -  (crédito:  Renato Weil/EM/D.A Press)
Igreja de Lourdes, um dos pontos de Belo Horizonte - (crédito: Renato Weil/EM/D.A Press)

Sacha Calmon — Advogado

Belo Horizonte é uma cidade de muitas ruas e avenidas e poucos caminhos. A cidade, sua prefeitura, não agrega saídas para melhorar o trânsito nem coloca sequer simples placas sinalizadoras nas principais vias. Saídas há de efeitos altamente positivos para desafogar o trânsito de veículos. Parece até existir uma ideia fixa de um novo anel rodoviário mais longe da cidade inteira. Ora, ajuda, mas dificulta ainda mais o trânsito, pois faltam as raias cruzando o anel. E de ver o metrô de Moscou, o mais racional de todos, intensamente usado com suas suntuosas estações subterrâneas. Lá os seis círculos são cortados por 16 raias.

De certo modo, as regiões Norte e Nordeste tomando como referência a Pampulha e o Mineirão, assim como o Hospital Risoleta Neves, na saída da Cristiano Machado em direção ao Centro Administrativo e ao aeroporto, estão mais bem servidos do que as regiões do centro-sul. Para se ter uma ideia, subindo a BR-040, a que nos leva ao Rio e conduz a muitos condomínios, como Vale do Sereno, Vila Castela, Vila do Conde, Vila Alpina, Morro do Chapéu etc. e principalmente a Nova Lima e ao bairro Belvedere, tem uma única mãozinha para acessar o viaduto do shopping (para todos os que nele quiserem adentrar e cujo adensamento é brutal).

Entretanto, bastaria estender uns 290 metros a rua larga Luiz Paulo Franco para se chegar à Praça JK, na Bandeirantes, e na Avenida Uruguai, no bairro Sion, de modo a sair em plena Avenida Nossa Senhora do Carmo, 700 metros até a Avenida do Contorno, abrindo, extraordinariamente, o trânsito na BR-040 e o direcionamento aos bairros Santo Antônio e São Bento.

De igual modo, se se fizesse pequeno túnel na extensão da Rua Djalma Andrade no Belvedere, no terminal do ramal da CVRD, pertencente à União, sairíamos perto do finado Instituto Hilton Rocha, nas Mangabeiras, resolvendo um gigantesco problema de trânsito de veículos no centro-sul de Belo Horizonte, infartado completamente nos horários de pico, pela manhã, às 14h, e à noite.

Esse mesmo leito, pertence à União e, com suas laterais de seis metros, daria para formar a maior parque urbano de BH na melhor parte do Belvedere, desde a encosta voltada para Nova Lima e o Parque do Jambeiro e no Barreiro, na vizinhança da Cidade Industrial. As regiões metropolitanas foram criadas justamente para encontrar soluções metropolitanas envolvendo esforços federais, estaduais e municipais. A BR-040 — para não nos esquecermos de Roberto Carlos, não suporta o tráfego até altura de moeda e deveria estar triplicada pelo menos desde lá até a capital. E ver o trânsito diário e nos fins de semana (saturado).

Aliás a 100km da capital mineira as rodovias que levam a Brasília, Vitória, São Paulo e Rio, no rigor da governança, deveriam, faz tempo, estar duplicadas e ratificadas, como ocorre com São Paulo, Rio e Salvador. A Fernão Dias se liga à Amazonas, passando por Betim e Contagem, está enfartada em vários lugares. A caminho para o Vale do Aço continua um desastre. Falta indignação e concertação no Estado mais cortado por rodovias no país, depois de São Paulo, para melhorar a situação da capital, a caminho de disfunção grave no trânsito de veículos.

Nada muda na paisagem urbana e, contudo, todos os dias úteis, mais e mais veículos são emplacados (sedans a caminhões). Não há como resistir a tanto sofrimento se não se renova o ambiente da mobilidade suburbana, em prol dos cidadãos, especialmente dos que trabalham e se deslocam por meio de coletivos, trens e ônibus. Os brasileiros estão sofrendo muito nas capitais e cidades médias.

O salário mínimo está, no último ano da administração Bolsonaro, menor que o no primeiro de seu mandato. Dos Brics é o que menos cresceu (Rússia, China, índia, Brasil e África do Sul), verdadeiro vexame nacional. O país precisa voltar a crescer economicamente. As desigualdades sociais estão crescentes e não decrescentes.

Os partidos e candidatos aos governos estaduais, municipais e principalmente à Presidência da República estão obrigados a ter programas prévios de governo. Chega de discursos ideológicos. O povo quer trabalhar, estudar, crescer na vida. Chega! A vida do povo nas regiões metropolitanas precisa entrar no mapa das discussões políticas do Brasil. A mobilidade urbana é prioritária para os cidadãos desse país infelicitado por políticos incapazes.

 

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