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Correio Braziliense
postado em 24/04/2022 00:01

Grande impasse

Enormes triunfos de um progresso material nunca antes vistos não cessaram a concentração de renda, a exclusão social, a destruição ambiental e a precarização das relações humanas. As raízes desse grande impasse estão bem explicadas no livro As razões do Iluminismo (1999), escrito pelo diplomata Sérgio Paulo Rouanet, conforme ilustra a seguinte passagem: "Há uma consciência de que a economia e a sociedade são regidas por novos imperativos, por uma tecnociência computadorizada que invade nosso espaço pessoal e substitui o livro pelo micro, e ninguém sabe ao certo se tudo isso anuncia uma nova Idade Média ou uma Renascença. Há uma consciência de ruptura". A busca obsessiva pelo progresso causou a desvalorização da cautela e da prudência. Desprezando o valor da contemplação, caímos no conto de que "tempo é dinheiro". A prepotência embalada por um mercado novidadeiro ofuscou o matutar filosófico com a luz do holofote publicitário. Fez-se correr o apelo banal da "pós-modernidade". Porém, quando recorremos à arte de vanguarda e aos avisos que ela fornece sobre os buracos da indústria cultural, vem a voz de Chico Buarque, sublinhando o tempo da delicadeza: "Não se afobe, não/Que nada é pra já/O amor não tem pressa/Ele pode esperar em silêncio/Num fundo de armário/Na posta-restante/Milênios, milênios/No ar" (Futuros Amantes, 1993). Perigosamente confundidos, apreciar e devorar nos fazem perder a linha entre a fome e a gula. Devagar, apuramos o paladar e degustamos melhor a vida.

Marcos Fabrício Lopes da Silva,

Asa Norte

Brasília, passado e futuro

Desde a criação de Brasília, buscou-se evitar que problemas que afligiam o Rio de Janeiro se repetissem aqui, por isso foi criado o Distrito Federal, visando impedir que surgisse uma nova Baixada Fluminense em volta dela. A cidade era dirigida por prefeito nomeado pelo governo federal, como nos Estados Unidos, e não havia vereadores nem eleições. As decisões legislativas eram tomadas pelos membros da Comissão do DF, no Senado. Mas o DF não é apenas uma cidade administrativa. Sua realidade é mais complexa, com cidades maiores do que o Plano Piloto, e abrange área de 5.779km², maior 32 vezes que Washington. Em 1969, o prefeito foi trocado por governador e, com a Constituinte de 1988, vieram eleições para o governo e legislativo local. As eleições e o imediatismo que trazem, agravaram dificuldades para tratar com competência das questões do DF: cuidar da grandeza da capital, administração federal e valorização de suas características culturais, inovadoras e turísticas. E, também, propiciar aos diversos núcleos urbanos do DF condições de crescimento das economias locais, redes de transportes e serviços públicos, atração de empresas e escolas técnicas para gerar bons empregos e assegurar conforto, qualidade de vida e autonomia, para deixarem de ser satélites. Por preguiça ou despreparo, continuam perpetuando e agravando essa dependência, às custas de mais ligações rodoviárias entre as regiões administrativas e o Plano e de mais engarrafamentos, poluição, perda de tempo e de combustível, contágio de doenças, estresse e violência. Sem ousadia, preparo e visão de futuro, o DF é tratado como qualquer cidade grande comum do país.

Ricardo Pires,

Asa Sul

Papelão

Colossal papelão da dupla de generais, um presidente do Superior Tribunal Militar (STM), outro, vice-presidente da República. Ambos debochando e desdenhando do grave teor das gravações de ministros do STM, repudiando torturas durante o regime militar. Pelo visto, resta a melancólica certeza de que não se fazem mais oficiais superiores das Forças Armadas como antigamente.

Vicente Limongi Netto,

Lago Norte

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