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Artigo: Eu joguei basquete com Pipoka

Correio Braziliense
postado em 25/04/2022 06:00
 (crédito: Ana Rayssa/CB/D.A Press)
(crédito: Ana Rayssa/CB/D.A Press)

GLAUCIO RIBEIRO DE PINHO — Ex-jogador de basquete

É comum ouvir essa frase em Brasília. Colegas do trabalho, vizinhos, nas quadras de esporte, alguém cita o nome dele e, imediatamente, lá vem: eu joguei com ele. João José Vianna começou a jogar basquete aos 10 anos de idade, no Minas Brasília Tênis Clube, com o seu Pedro Rodrigues, um dos grandes técnicos do Distrito Federal. Sua carreira de campeão despontou cedo. Do Minas foi para o Clube Vizinhança, tornou-se campeão de Brasília pela primeira vez aos 16 anos, e nunca mais parou de acumular títulos.

No ano seguinte, foi campeão juvenil no Distrito Federal jogando pelo Clube da Associação dos Economiários de Brasília (AEB), cujo time também conquistou o Campeonato Brasileiro em 1980. Aí a cidade ficou pequena e Pipoka ganhou o Brasil e foi para o Tênis Clube de São José dos Campos, em São Paulo.

E, após ser campeão por outros clubes, o Brasil ficou pequeno e foi jogar no exterior, passando por diversos países, inclusive tendo sido um dos primeiros brasileiros a atuar na NBA (National Basketball Association) pelo Dallas Mavericks. Fez parte da Seleção Brasileira por 12 anos, participou de três Olimpíadas (1988, 1992 e 1996) e de quatro mundiais de basquete (1986, 1990, 1994 e 1998), compondo o nosso dreamteam que conquistou a medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos de 1987, quando o Brasil venceu a seleção dos Estados Unidos na memorável final realizada na casa do adversário, em Indianápolis.

Mas Pipoka nunca se esqueceu de Brasília. Lembro-me que quando o encontrei pela primeira vez, após ter jogado em 28 países, ele me disse que aqui estava sua família, seus amigos e aqui era sua cidade, seu país. E voltou para terminar a carreira vitoriosa e, como sempre, encerrou-a em grande estilo. Com a formação de um time que, até então, a capital nunca tinha visto. Foram campeões brasileiros por três anos consecutivos. Sua participação despertou a população que formou torcidas e compareceu aos jogos. O ápice de sua carreira se deu quando registrado o maior público presente em uma partida de basquete realizada no Brasil, com 24.286 torcedores na histórica vitória de 101 a 76 contra o Flamengo, em partida realizada no dia 1º de maio de 2007 no Ginásio Nilson Nelson.

Até o último jogo, sua postura profissional era impressionante. Para se manter em forma aos 43 anos, quando jogou a última partida, ainda adotava a rotina espartana de acordar às 4h30 da manhã diariamente, ir à academia, ter uma alimentação adequada, ser assíduo na prática de arremessos e na participação dos treinos coletivos sem faltar a nenhum. Pipoka sempre jogou em equipe, para o time. E, com a experiência que tinha, era a âncora daquele time vencedor.

Casado com Denise, o amor de sua adolescência, e que sempre o apoiou, tem três filhos, João Felipe, Rebeca e José Maurício, e um neto formado em educação física, com mestrado em políticas públicas. Professor universitário e coordenador dos cursos de educação física e fisioterapia, Pipoka é um exemplo de ídolo do esporte que precisamos buscar, ressaltar e mostrar às crianças. Talvez, por isso, tenha sido homenageado, em 20 de abril, com a Medalha de Honra ao Mérito da Câmara dos Deputados. Mais uma medalha para sua coleção.

Ah! Antes que eu me esqueça, eu também joguei com Pipoka, naquele time campeão do Vizinhança e da AEB.

 

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