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Análise: Lula pode reeleger Bolsonaro

Correio Braziliense
postado em 29/04/2022 06:00
 (crédito: JULIEN DE ROSA / AFP e EVARISTO SA / AFP)
(crédito: JULIEN DE ROSA / AFP e EVARISTO SA / AFP)

ORLANDO THOMÉ CORDEIRO - Consultor em estratégia

Lula vem liderando todas as pesquisas seguido por Bolsonaro. Ambos têm trabalhado, sistematicamente, para inviabilizar qualquer candidatura alternativa, sendo forçoso reconhecer que, até o momento, conseguiram alcançar o objetivo. A cada semana nova pesquisa é divulgada mostrando mais pessoas afirmando que não pretendem alterar sua atual opção de voto. E, quanto mais a chamada terceira via demorar a se entender, mais o quadro de polarização se consolidará.

A outra novidade que vem sendo apresentada é a tendência de redução na distância entre os dois líderes, numa curva que, segundo especialistas na área, indica a possibilidade de um cenário de empate técnico no final deste semestre. Se, antes, os apoiadores do ex-presidente estavam convencidos que a meta era garantir sua vitória no primeiro turno, atualmente, lutam para evitar uma possível derrota no segundo turno. Claro que ainda há quem considere essa hipótese improvável, mas há alguns fatos recentes que apontam para sua concretização.

O comportamento das lideranças do Centrão integrantes das bancadas que representam os nove estados do Nordeste é um deles. Como profissionais políticos, sempre se movimentam movidos pela expectativa de poder. Nas eleições anteriores ficaram, em sua maioria, apoiando as candidaturas petistas. Atualmente, mesmo com o favoritismo de Lula na região e o apoio de quase todos os governadores, é grande o número de parlamentares daquele grupo que se mantém fiel à campanha de reeleição do presidente, contrariando previsões de muitos analistas. Basta ver como foi esvaziado o jantar com Lula promovido por Renan Calheiros e Eunício Oliveira no dia 14 de abril.

Outro forte indício foi o resultado das transferências realizadas na recém-encerrada janela partidária, quando PL, PP e Republicanos, os três principais partidos governistas, passaram a contar com 179 parlamentares, o equivalente a 35% dos assentos na Câmara dos Deputados. De seu lado, os partidos de oposição encolheram suas bancadas de 147 para 126. O recente caso do ignóbil deputado Daniel Silveira permitiu ao presidente animar ainda mais sua tropa de apoiadores em sua estratégia de confrontar o Supremo Tribunal Federal (STF). Também conseguiu agradar a parcela da sociedade que, apesar de não declarar abertamente o voto, se sente representada por frases como "O STF está passando dos limites" ou "Quem esse Xandão pensa que é?"

Já as notícias vindas da campanha do ex-presidente revelam um clima de certa perplexidade diante da tendência de recuperação de Bolsonaro. O primeiro movimento na tentativa de correção de rumo foi a recente troca do profissional responsável pelo marketing. E ainda pode haver mais mudanças na área, pois, enquanto escrevo essa coluna, circulam notas indicando a substituição de Franklin Martins por Edinho Silva na coordenação. Claro que comunicação é chave em uma campanha eleitoral, mas é ingenuidade acreditar que essa alteração na equipe resolverá todos os problemas.

 

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