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Irlam Rocha: Visionário e empreendedor

Irlam Rocha Lima
postado em 03/05/2022 06:00
 (crédito:  David Alves/Divulgação)
(crédito: David Alves/Divulgação)

São muitas as facetas que poderiam ser destacadas da personalidade de Levino de Alcântara. Duas delas, porém, têm supremacia sobre outras: as de visionário e empreendedor. O centenário do professor e maestro foi celebrado, de forma meritória, no último fim de semana, por discípulos de diferentes gerações, que tiveram o privilégio de tê-lo como mestre na Escola de Música de Brasília (EMB) e no Madrigal de Brasília.

As duas instituições criadas por ele contribuíram, decisivamente, para fazer da cidade um dos polos artísticos-culturais do país ao formar instrumentistas e cantores que têm brilhado no Brasil e no exterior. O mais notório deles é Ney Matogrosso, estrela cintilante da MPB.

Em entrevista que me concedeu, publicada no Correio, em 6 de novembro de 2013, sobre o cinquentenário do madrigal, o cantor recordou do período em que era um dos coralistas do grupo. Num dos trechos da conversa, ele disse: "Vivia um momento de muitas descobertas em relação às artes e à vida, quando, em 1963, passei a integrar o coral do Elefante Branco, que deu origem ao Madrigal de Brasília. Foi uma experiência radical, sob a batuta do maestro Levino Alcântara, uma pessoa afável, dedicada e com profundo conhecimento da música renascentista".

Ney contou que o madrigal tinha poucas vozes femininas. "Eu, contratenor, por decisão do maestro, passei a fazer parte do naipe de contraltos. Só que, como homem, tinha que cantar com uma oitava acima, igual as meninas. Até 1965, enquanto morei em Brasília, fiz muitas apresentações com o madrigal, o que foi da maior importância para minha formação artística."

Reza a lenda que uma outra ação de Levino Alcântara — morto há nove anos — foi determinante para a construção da sede da Escola de Música. Certa vez, no final dos anos 1960, passando pela L2 Sul, à altura da Quadra 602, ele viu uma área vazia e, então, decidiu ocupá-la. Plantou vários pés de pitanga e cercou o terreno. Como tinha bons contatos com dirigentes de órgãos da Prefeitura do Distrito Federal, os convenceu a permití-lo instalar naquele local o prédio onde até hoje funciona a EMB —instituição que orgulha o brasiliense.

 

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