Conflito e evolução
Quando você anda pelo Sudoeste, à noite, tem moradores em situação de rua, porque eles se sentem menos constrangidos quando a luz é menos intensa. Sentem-se mais à vontade para procurar comida no lixo. Eu nunca tinha visto isso em um bairro nobre. Quando você anda pelo Sudoeste à noite você vê mais comércio do que gente, você vê muitos negócios fazendo gente, e não gente fazendo negócios. Quando você anda pelo Sudoeste à noite, você se sente segura e não se sente sozinha. Você vê domésticas indo para suas casas, mas também vê domésticas passeando com senhoras muito idosas às 22h40. Quando você anda pelo Sudoeste à noite, e você é uma mulher, você vai receber olhares. Você é uma pele crua, vai se sentir despida, mesmo não estando. Quando você anda pelo Sudoeste à noite, você lembra que está muito longe de casa. Você vê movimentação, bar e pessoas, entre elas, algumas que acha que precisaria conhecer. Mas todas elas estão nesses lugares que você está tentando encontrar e, finalmente, encontrou. Só que você estava muito longe de casa. A gente esquece que era muito fácil chegar ao destino, mas o que a gente mais adora fazer é complicar. Sem conflito, não há evolução, e nós somos seres evolutivos. Quando se abrem as portas, quando os caminhos são mostrados e as luzes são acesas, fica mais fácil evoluir. A gente precisa colocar obstáculos muito maiores do que o caminho para continuar achando percurso interessante, ou, no mínimo, divertido.
Camélia Jatobá,
Sudoeste
Umas e outras
Uma vez que as Forças Armadas enviaram contribuições ao TSE, visando à "segurança" das eleições, será que a CUT, a OAB e a ABI — também imbuídas com esses elevados sentimentos patrióticos — se sentirão estimuladas a fazer a mesma coisa? Falando nisso, o espanto da mídia ficou por conta do desespero do agitador, que, prevendo a derrota próxima, nas urnas, cogita (imaginem!) contratar uma empresa estrangeira para auditar (e contestar) o resultado das eleições. Ora essa, então quer dizer que os tribunais superiores brasileiros serão a "casa da mãe Joana"?
Lauro A. C. Pinheiro,
Asa Sul
Redes sociais
Não é preciso grande capacidade de análise para perceber que vivemos tempos de profundas transformações. Diversas novidades, nas redes sociais e fora delas, vêm mudando a maneira como as pessoas vivem, consomem e se expressam. Tal cenário, marcado pela velocidade e pela instabilidade, tem repercutido de modo inconteste no cenário político brasileiro, nem sempre positivo. A sensação é de uma enorme confusão, como se não houvesse espaço para reflexão ou um julgamento mais ponderado dos fatos. Estamos há cinco meses das eleições, e percebe-se que o eleitor está confuso diante das diversas candidaturas à Presidência. A mola propulsora que vai decidir o voto do eleitor, com certeza, serão as redes sociais.
Renato Mendes Prestes,
Águas Claras
Lucro da Petrobras
A surpresa do presidente com o lucro bilionário da Petrobras e a expressão que usou para qualificar os desempenho da estatal revelam que ele é realmente um homem despreparado para o cargo que ocupa. Embora os reajustes recorrentes do litro dos combustíveis sejam uma tormenta, a estatal segue a tendência do mercado internacional. Se tivéssemos um bom governo, teríamos um fundo equalizador para evitar o impacto da alta do petróleo no bolso dos brasileiros. Mas, em vez disso, o Planalto preferiu garantir quase R$ 5 bilhões com o Fundo Eleitoral e mais outros bilhões de reais diretamente aos aliados, a tomar decisões para conter a inflação, aliviar a fome e estimular a retomada da economia. O estupro, na verdade, ocorreu com o Brasil, quando elegeu alguém radicalmente incapaz de comandar o país, que, nos últimos quase quatro anos, não fez outra coisa senão agir para evitar a prisão dos filhos, liberar armas à extrema direita, criar crises institucionais para esconder a sua incompetência e fomentar o ódio. Não à toa, o Brasil está arrombado.
Joaquim Honório,
Asa Sul
Opções lamentáveis
Observando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o atual presidente Jair Messias Bolsonaro na frente da corrida da campanha presidencial de 2022 percebemos que as opções políticas no Brasil são lamentáveis. Distanciar-se da política em nosso país é a conduta dos brasileiros honrados. Herdar um país arruinado pelos governantes, nos últimos dezenove anos, é uma incumbência para os temerários e velhos caciques tupiniquins.
José Carlos Saraiva da Costa,
Belo Horizonte (MG)
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