Que possíveis relações poderiam existir para a capital entre atividade política local, a partir dos anos oitenta, e o sucateamento gradativo dos principais pontos de cultura de Brasília? À primeira vista pode até não parecer, mas, desde que a capital, por uma iniciativa de grupos de empreendedores interessados em dividir e lotear a capital entre si, tomaram assento na Câmara Distrital e no Palácio do Buriti, os espaços de cultura da cidade foram, um a um, adentrando num lento e irreversível processo de decadência, com fechamento de galerias e teatros, e uma série de projetos de fomento às artes que foram vetados ou simplesmente esquecidos.
O empobrecimento cultural da capital do país é a obra prima dessa gente inculta, que não vislumbra retorno político imediato e satisfatório para suas ambições eleitorais. Muito mais chamativo e lucrativo, do ponto de vista político, do que espaços e fomentos para as artes, são as legalizações de áreas e outras benesses eleitoreiras. Essas, sim, trazem retorno em forma de votos. São verdadeiros cartazes a esconder propaganda política e partidária.
Ademais, o inchaço populacional trazido pela emancipação política, com a criação, quase que diária, de assentamentos e outros bairros improvisados, passou a requerer do poder público o direcionamento dos recursos tanto para atendimento dessas populações quanto para socorrer hospitais, escolas e outros pontos de serviços básicos, tornando itens como a cultura descartáveis ou não urgentes.
O gasto astronômico com os novos poderes locais que foram criados ajudou a desviar os preciosos recursos que antes iam para a atividade cultural. Hoje, os projetos de arte e, principalmente, os artistas da cidade são obrigados a se humilhar diante dessa classe de políticos, semialfabetizada, implorando para que concedam migalhas de recursos, que são públicos, na forma de emendas. Criou-se, desnecessariamente, uma classe política que, ao fim e ao cabo, são autênticos atravessadores de recursos, cobrando para isso o reconhecimento como patrocinadores das artes.
Nossa elite e, principalmente, nossos políticos são formados por indivíduos cujo entendimento que possuem de cultura se resume a viagens à Disneylândia ou ao Caribe. São frívolos, sem educação e aculturados. Muitos, inclusive, não hesitariam, caso fosse permitido, sacar uma arma ante a presença de uma trupe de artistas mambembes. É disso que se trata, quando se observa que importantes e icônicos espaços como o Teatro Nacional, um marco de cultura da capital, está entregue às baratas por mais de uma década.
A insensibilidade às manifestações da arte e da cultura é traço marcante de nossa elite política. Mesmo esbanjando dinheiro público pela Europa, ainda não se atentou ao que diferencia um país com tradições e história. Com essa indiferença, que quase beira ao ódio, gerações inteiras de artistas e outros cidadãos de autêntico talentosão deixados ao relento para que desapareçam da paisagem.
O que temos como produto dessa gente egoísta é a proliferação indefinida de bares e casas de espetáculos com shows para lá de duvidosos e sem conteúdos artísticos. Uma cidade em que suas lideranças ignoram e mesmo desprezam as artes não pode possuir status verossímil de capital do país. A Brasília que, desde a sua emancipação política, foi entregue, de mão beijada, a uma gente tosca e de poucas letras é a que temos hoje, permeada de problemas como a da violência urbana e do abandono.
Não há futuro seguro e pacífico por esse caminho. Nem para seus habitantes, e muito menos para aqueles que a transformaram nisso. Não há salvação possível fora da cultura e das artes, principalmente, quando se fala em comunidade.
» A frase que foi pronunciada
"A massificação procura baixar a qualidade artística para a altura do gosto médio. Em arte, o gosto médio é mais prejudicial do que o mau gosto... Nunca vi um gênio com gosto médio."
Ariano Suassuna
Traumatizante
Vai aqui um conselho precioso: você que pretende homenagear sua mãe levando-a num restaurante e para livrá-la das obrigações da cozinha diária da família, faça isso na véspera do Dia das Mães. A receita serve para o Dia dos Pais que vem aí. A razão é que a maioria dos restaurantes da cidade não está preparada para o aumento de público. A qualidade dos serviços cai, os preços sobem, as filas aumentam e o que poderia ser um dia de lazer e alegria acaba se transformando num pesadelo. Que o digam as mães que foram "homenageadas" por seus familiares no tal restaurante La Terrace, no condomínio Life Resort. Um domingo de horror.
Para os críticos
Como ex-presidente, Lula têm direito a escolta armada para se proteger. E foi essa a opção que fez. Quem estranha a iniciativa é o deputado Sanderson. Quer saber se a submetralhadora alemã UMP45 é realmente necessária para enfrentar o povo nas ruas.
» História de Brasília
Houve falta de controle, e parte daí a dificuldade criada pelo Conselho Novacap, que doou os terrenos já ocupados. (Publicada em 23.02.1962)
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