» Sr. Redator

Correio Braziliense
postado em 17/05/2022 00:01

Urna eletrônica

O presidente Bolsonaro insiste numa tese completamente estapafúrdia de que as urnas eletrônicas não são confiáveis. Antes, pediu voto impresso, quando percebeu que não iria colar, voltou a atacar não somente as urnas eletrônicas como o sistema eleitoral brasileiro. Um conjunto pelo qual ele e seus filhos foram eleitos diversas vezes de 1996 a 2018, sem que nunca, em tempo algum, tivessem reclamado de alguma fraude no sistema. Ele está com medo da derrota nas urnas em outubro de 2022, porque, se tivesse trabalhado e hoje pudesse oferecer aos eleitores um leque de obras e serviços realizados em sua gestão, com certeza não estaria falando bobagens das urnas e do sistema eleitoral. Desde que a reeleição foi adotada no país, raramente um governante deixou de se reeleger, exceto aqueles que fizeram um primeiro mandato péssimo. Os demais que ao menos trabalharam em prol da sua cidade, estado ou país conseguiram reeleger-se sem precisar de mentiras, de teses golpistas e de estratégias que lembram ditadores de republiquetas mundo afora.

Rafael Moia Filho,

Bauru (SP)

Redes sociais

Tem gente se incomodando com o ministro Alexandre de Moraes, do STF, alegando ter ele chamado a "população brasileira" que faz uso das redes sociais de "imbecis". Menos, gente, menos! O ministro não generalizou. O que ele disse foi, nos termos exatos: "A internet deu voz aos imbecis", o que é, aliás, verdadeiro — obviamente, não para todos os usuários de redes sociais. O ministro se refere a quem faz mau uso da liberdade de expressão, atentando até contra a democracia. Se há quem tenha se ofendido e vestido a carapuça, admitindo ser mesmo "imbecil", fazendo tosca ironia, o problema está nessas pessoas e não no citado ministro que, de fato e com firmeza, tem se posicionado contra crimes mascarados como "liberdade de expressão''.

Marcos Paulino,

Vicente Pires

Inflação

Nos anos de 1980, o Banco Central enfrentava a inflação via controle da expansão da base monetária, o que se tornou inútil. Criou-se um teto para a expansão do crédito. Não adiantou. A inflação teimava em subir. Em 1983, no acordo que o governo selou com o Fundo Monetário Internacional (FMI), acirrou-se a ortodoxia. Mesmo cumprido, na maior parte, o acordo não abalou a inflação. O fracasso das recomendações do FMI reforçou a necessidade de uma estratégia para quebrar a inércia, a causa maior da inflação crescente. Havia duas opções: o congelamento ou a ideia genial de André Lara Resende e Pérsio Árida, conhecida como Larida. Eles propunham uma unidade de conta para referenciar os preços. Curiosamente, o congelamento fazia sentido. Tinha dado certo em Israel. Era de fácil entendimento e gerava efeitos instantâneos. O congelamento de preços, em 1986, parou a corrosão dos salários, dando a sensação de ganhos de renda. Essa ideia amadureceu. Em 1994, nasceu com a unidade real de valor (URV), a base do sucesso do Plano Real. Seu êxito muito se deveu à maior abertura da economia. A oferta interna foi complementada por importações. A causa básica da inflação brasileira era a inércia inflacionária, e não o excesso de demanda.

Renato Mendes Prestes,

Águas Claras

Teto de gastos

O ex-presidente Lula afirmou, recentemente, que não haverá teto de gastos em seu governo. Não acredito que aplicará essa medida, se eleito for, pois Lula sabe diferenciar o que é o discurso populista que sempre fez e o que é a prática. Mas não se deve acreditar que revogar o teto de gastos é a solução. Uma digressão histórico-econômica é importante. O Brasil se acertou após o Plano Real e as políticas acertadas dos governos seguintes, inclusive com méritos do próprio Lula. A Lei de Responsabilidade Fiscal, dando respaldo à Constituição, foi um golaço do governo FHC e do Congresso Nacional em 2000. Nove anos depois, o Brasil crescia a taxas invejáveis, impulsionado pelo consumo e pelo crescimento da China. Até que veio Dilma Rousseff e a situação saiu dos trilhos. Sem arrecadação e com gastos altos, qualquer economia doméstica afunda e, para fechar a conta, em 2014, o governo Dilma começou a maquiar as dívidas, levando a mandatária ao impeachment. Quando Temer e Meirelles assumiram, em 2016, propuseram limitar os gastos do governo por 20 anos a partir de 2017. Temer assumiu com uma inflação de 9,32% e, em 2018, já a reduziu para 2,76%, segundo dados do Portal G1. E aí vem o ponto nodal: o teto de gastos significa que não pode aumentar investimento em saúde e educação? A resposta é negativa, pois o que é vedado é apenas o descontrole: se quiser aumentar algum gasto, terá que diminuir outro, definindo prioridades. Por isso que, por exemplo, Bolsonaro agiu corretamente ao vetar a Lei Paulo Gustavo, que remeteria bilhões à Cultura, cumprindo o art. 107 do ADCT. Assim, você pode até ser favorável à revogação dos limites de gastos das contas públicas, mas, depois, não reclame quando o litro da gasolina atingir R$ 10, o supermercado estiver impraticável e o carro popular, a preço de conversível. A conta precisa fechar!

Ricardo Santoro,

Lago Sul

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