Re Evoluções

Correio Braziliense
postado em 21/05/2022 00:01

Nada como uma crise de grandes proporções, como a estabelecida pela pandemia mundial da covid-19, para provocar uma série de reviravoltas nas relações sociais, econômicas e políticas, virando tudo de cabeça para baixo, decretando o fim de um ciclo e anunciando o começo de um outro. Há muito se sabe que, incrustada na palavra crise, está também o termo criar, e é isso que parece estar acontecendo não só em nosso país, como no restante do mundo.

É nesta eterna dualidade entre perecer e sobreviver que a humanidade vem se debatendo, inventando novas estratégias para driblar as ameaças à sua existência num planeta aparentemente indiferente ao destino das espécies. Nesse contexto, a pandemia passou a exigir, além de novos modelos de comportamentos e maneiras de encarar o mundo, alguns outros ajustes no modo como são produzidos certos bens econômicos, com influência direta no funcionamento do terceiro setor da economia, incorporando inovações que podem ser observadas agora pela introdução dos chamados home office e o homeschooling, no dia a dia das pessoas.

O que parecia ser impossível até três anos atrás, hoje vai se mostrando uma realidade que veio para ficar, com milhões de pessoas em todo mundo cumprindo jornadas de trabalho, sem sair de casa, evitando deslocamentos desnecessários, reduzindo custos com combustível, luz, água e uma infinidade de outros insumos que os antigos locais de trabalho exigiam para o cumprimento de metas.

O home office é hoje um fator positivo dentro do conceito de poupança de energia e de aumento de produtividade, demonstrando, mais uma vez, que toda grande crise é capaz de fazer aflorar, cedo ou tarde, novas e benéficas estratégias para todos. Como toda grande revolução, e diante do conhecimento de que o ser humano se mostra sempre avesso a mudanças ou a sair de sua zona de conforto, o home office, embora ainda gere polêmicas, tem se mostrado eficaz, bastando alguns ajustes aqui e ali na legislação, de modo a tornar esse um caminho sem volta.

Se o home office vai a cada dia se tornando um modelo consensual, o mesmo não se pode dizer de seu coirmão, o homeschooling ou educação domiciliar. A prática, mesmo já tendo sido aprovada na Câmara dos Deputados, ainda gera polêmicas entre educadores e políticos, principalmente com relação ao desenvolvimento do que seria uma educação voltada para integração e socialização dos indivíduos. Essa, é de fato, uma longa e importante discussão, mas que em nada irá modificar sua prática, já que o apoio de parcela significativa da população ao novo modelo é hoje impressionante.

Surpreende é que, mesmo sendo o Ministério da Educação a pasta que conta hoje com um dos maiores orçamentos da história, algo em torno de R$ 140 bilhões, não tenha sido capaz de fazer da escola pública uma vitrine e um exemplo de excelência a atrair alunos e a empolgar os pais. Pelo contrário, o que se vê é o afastamento, cada vez maior, daquelas famílias que enxergam na escola pública um perigo tanto para a formação de suas crianças quanto um risco de vida.

Vídeos que correm na internet mostram a decadência e o descontrole que parece ter tomado conta de nossas escolas, com alunos se drogando dentro de salas e aula, agredindo professores e quebrando cadeiras e mesas, que são jogadas contra as paredes, tudo num ambiente que parece ter decretado o fim desse modelo.

Não há autoridade capaz de frear esses alunos. Nem mesmo as escolas com gestão partilhadas com militares — o que, em si, já é um sinal dos tempos nebulosos em que vivemos — têm dado conta do recado, sem recorrer a violência e outros métodos anti-didáticos.

Nas universidades públicas o caos é o mesmo. Não bastasse esse ambiente distópico e que remete a uma verdadeira revolta estudantil contra o atual modelo de ensino em todos os níveis, preocupa também os pais o aspecto de doutrinação política, ideológica e pedagógica a que são submetidos os alunos, com professores desprestigiados e revoltados contra o sistema, insuflando a revolta contra tudo e contra todos, inclusive contra a família e seus valores, taxados de conservadores, burgueses e opressores.

Há, na realidade, toda uma metodologia, gramsciana, erradamente apropriada de seu autor, para destruir, por dentro, toda a estrutura social vigente, incluindo nessa estratégia niilista, a família, os costumes, a religião e outros aspectos da vida como a conhecemos, de modo a atingir-se o caos e desses escombros fazer erguer o falso altar do "pai da pátria", representado pelo grande guia que nada mais é do que o ditador comunista, a quem todos devem agradecer por libertá-los de um caos, por ele mesmo criado e do qual ninguém jamais sairá livre.

O que muitas famílias têm buscado, até de modo desesperado, é se livrar desses escombros em que parece ter se transformado grande parte de nossas escolas públicas. Nesse ambiente de destruição por dentro, nem mesmo as escolas privadas têm escapado. Banheiros para alunos que não se enquadram dentro do conceito de homem ou mulher ou a adoção de expressões inexistentes nos dicionários da língua portuguesa, com palavras como "todes", mostram o grau de decadência que tomaram conta das escolas, com o incentivo aberto para que meninos e meninas confundam até a que gênero pertençam.

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