opinião

Ana Dubeux: Vou ali em Finisterra e Muxia

Ana Dubeux
postado em 22/05/2022 06:00
Cabo Fisterra serve de linha divisória entre as Rias Baixas e as Rias Altas -  (crédito: Grela)
Cabo Fisterra serve de linha divisória entre as Rias Baixas e as Rias Altas - (crédito: Grela)

Se o caminho se faz ao caminhar, ele pode mudar a qualquer momento. Ou ainda se prolongar. Aprendo isso a cada quilômetro percorrido no Caminho de Santiago. Ainda que a gente planeje cada ponto da peregrinação, é possível acordar novas vontades a cada passo. E ainda levar companhia boa nas andanças não planejadas.

Depois de parar, tomar um café com leite, um encontro diário e sublime com uma refeição que aquece, eu e minhas companheiras de caminhada, Marta e Carlinda, pensamos em ir além. Colocamos em votação a ideia de estender a viagem até Finisterra e Muxia. O que são mais 100km para quem já andou tanto? Lá você encontra o mar e seria lindo terminar essa viagem de tantas paisagens olhando para uma imensidão azul.

Ir até Finisterra e Muxia, a 100km a oeste de Santiago de Compostela, é percorrer um trajeto considerado por muitos peregrinos o verdadeiro fim do Caminho de Santiago. Por isso, depois de visitar a Catedral, muitos seguem viagem até lá, pela chamada Costa da Morte, até o Santuário da Nossa Senhora da Virgem da Barca de Muxia.

Um percurso cheio de monumentos, lendas, histórias e mistérios que desembocam no mar. Enquanto ainda temos algum chão pela frente, vamos amadurecendo a ideia. E talvez eu nem tivesse pensado nisso se estivesse sozinha por essas bandas. Ainda que muitos façam o caminho de forma absolutamente solitária, estou feliz por estar com minhas amigas.

Penso nisso ao tentar responder a uma pergunta que outra amiga me fez pelo Instagram em meio aos meus registros de viagem: "Quem você escolheria para fazer de novo o Caminho de Santiago?" Ela está planejando vir a Compostela em setembro ou outubro, dois outros meses muito concorridos por aqui.

Nada a meu ver se iguala à primavera. De tudo, além das setas amarelas e dos sinos das igrejas — leia matéria na Revista do Correio de hoje — foi o que transformou nossa passagem por esses povoados em uma travessia mais linda e colorida. Mas talvez, penso eu, a primavera tenha ganhado ares também de um verão, pois fui aquecida pelas amizades que trouxe comigo.

Marta e Carlinda também fazem parte da minha peregrinação. Marta cuidou do planejamento das hospedagens como ninguém. Coube a Carlinda dar o tom da alegria da viagem, o humor que me abastece em tantos momentos. Então, eu diria a esta amiga: se tiver que trazer alguém, além de você com toda a sua intenção e integridade, traga uma pessoa (ou mais) capaz de aquecer o seu coração pelo caminho. Isso pode fazer toda a diferença.

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