O status que importa

Correio Braziliense
postado em 27/05/2022 00:01

Junto com o fenômeno nefasto da hipertrofia dos partidos políticos, todos eles super vitaminados com os bilhões de reais dos cofres públicos, nada mais natural que, com essa metástase, verdadeiro carcinoma no tecido institucional do pais, surgisse também a figura da partidocracia. Nela, as legendas vão assenhoreando-se do poder, sem cerimônia alguma, contaminando a democracia com uma nova roupagem que nada mais é do que a própria ditadura, erigida por outros meios e que prescindem de canhões e outros equipamentos bélicos.

Sem uma reforma política e administrativa séria, que viesse pôr um fim às sinecuras a onerar os contribuintes, as eleições vão se transformando naquilo que elas possuem de essência, que é a perpetuação dessa gigantesca e inoperosa máquina do Estado. É justamente com as eleições, feitas nos moldes em que ditam os partidos e seus caciques, que todo esse arcabouço vai se estendendo no tempo, atando o país num burocratismo estatal que em nada se diferencia do antigo Brasil colônia.

Com isso, fica fácil deduzir que as eleições, a despeito da polarização e das brigas fratricidas que ocorrem e que podem recrudescer ainda mais, nada mudarão para os cidadãos, permanecendo o mesmo aparato estatal inerte, em que o Estado perdulário e indiferente às necessidades reais da população usa e abusa da nação, quer por meio de uma carga tributária, que é uma das maiores do planeta, quer por intermédio de leis que blindam o estamento e as elites no poder, fazendo do povo apenas um gerador de riquezas, pronto a alimentar todo esse Leviatã que não para de ganhar estatura. A dicotomia que faz do Brasil um país rico, povoado por uma população pobre, tem nesse modelo cruel no seu nascedouro e no prolongamento no tempo.

Portanto, não é de se estranhar que praticamente inexiste, entre nós, a figura de um político ou alto burocrata que tenha permanecido com o mesmo patrimônio depois de sair do poder. A escassez e mesmo a quase inexistência de verdadeiros homens públicos entre nós é o que nos diferencia do restante dos países desenvolvidos.

O pior nessa paisagem desolada e sofrida é que todo esse quadro, que antes tinha como personagens apenas os áulicos do Executivo e Legislativo, hoje vai sendo povoado também pelas figuras das altas Cortes, todos eles irmanados nesse projeto de manter o subdesenvolvimento do país. Assim, o que temos de fato, é que nenhuma eleição, dentro desse modelo perverso será capaz de mudar.

É uma elite de sibaritas, muito bem instalada nos píncaros do poder, imbuída de comandar os destinos do país de acordo com suas próprias regras, disposta a permanecer, a qualquer custo, onde estão e, para isso, comandam todo um circo de pantomimas, iludindo os eleitores com as prestidigitações bem orquestradas que virão em outubro próximo. Não é por outra razão que dizem: o status que importa é o status quo.

» A frase que foi pronunciada

"A inteligência não basta ao que aspira dirigir homens. Se à inteligência não se alia o caráter, o condutor de alma frágil baqueia na jornada."

Assis Chateaubriand

Protocolo

Farmácias da capital têm tido dificuldades em manter o estoque de antibióticos infantis.
Seria um facilitador para os pais se os pediatras colocassem pelo menos duas alternativas de medicamento nas receitas.

Contra a lei

Mais uma armadilha da Nestlé. Depois do "composto lácteo" em embalagem idêntica
à do leite Ninho, agora, a "mistura láctea condensada" ganha a embalagem similar do Leite Condensado. Mesmo que a lei diga que induzir alguém ao erro e obter vantagem sobre a situação seja crime (artigo 171 do Código Penal Brasileiro), as novidades continuam tomando conta das prateleiras dos mercados.

Pesquisas

Hoje é possível avaliar a importância de se regular a divulgação das pesquisas eleitorais. Um leitor estranhou o ibope de Lula em relação a Bolsonaro na pesquisa do Ipec. "Se o ex-presidente não consegue nem passear mais nas feiras, que resultado é esse?, indagou". Os dados estão absolutamente corretos. Só que poucos meios de comunicação divulgaram que a entrevista foi feita com apenas 1.008 pessoas. Veja tudo sobre essa pesquisa no Blog do Ari Cunha.

» História de Brasília

Um bujão de gás, de 13 quilos, que custava 590 cruzeiros, está custando, agora, 712 cruzeiros sendo êste o maior aumento verificado nestes últimos tempos. (Publicada em 01.03.1962)

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