Academia de Tênis

Análise: Ecos nos escombros

Fechada há 12 anos, a Academia de Tênis, recentemente, voltou a ser notícia, em diferentes situações. Inicialmente, ao ser anunciada como local-referência de estacionamento de carros, para quem vai ao Centro Cultural Banco do Brasil assistir aos shows do Festival Rock Brasil 40 Anos. Depois, em pertinente reportagem da colega Renata Nakashima, da Editoria de Cidades do Correio, sobre lugares sucateados em Brasília. A matéria teve como título Do passado de luxo às ruínas.

Em outros tempos, por razões diversas, aquele espaço nobre — localizado no Setor de Clubes Sul —, era um dos mais badalados da capital. Isso por acolher em suas dependências bons restaurantes, salas de cinema onde eram exibidos filmes de arte, um centro de convenções adaptado para sala de espetáculos, e, obviamente, o complexo esportivo voltado para a prática de tênis.

Pelo palco da sala de espetáculo passaram artistas consagrados como Tom Jobim, João Gilberto, Caetano Veloso e Tim Maia. Ícones da Bossa Nova, Tom e João fizeram ali memoráveis recitais de voz e piano e voz e violão, respectivamente. Caetano, à época, iniciava por Brasília a turnê do show Cê; enquanto Tim Maia revisitou sucessos de sua obra, numa apresentação um tanto quanto caótica.

Três cantoras, praticamente em início de carreira, vieram à cidade pela primeira vez e ocuparam aquele palco. Ivete Sangalo, à frente da Banda Eva, foi atração da festa Salute Salvador, que contribuiu para impulsionar a axé music entre os brasilienses. Maria Rita fez o show de lançamento do seu disco de estreia. E Marisa Monte trouxe a turnê de Verde, Anil, Amarelo, Cor-de-rosa e Carvão — um dos mais belos álbuns de sua trajetória.

Obviamente, todos tiveram plateias expressivas e calorosas a recepcioná-los, assim como Ray Charles, astro da soul music norte-americana, que, com seu talento e carisma, nos encheu de alegria e encantamento. Ecos daqueles espetáculos emblemáticos devem ressoar até hoje nos escombros da Academia de Tênis.

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