Editorial

Visão do Correio: Covid-19 volta a preocupar

Dados do painel do Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass) registravam que a média móvel de casos de covid-19 em sete dias estava em 39.980, contra 30.905 nesse mesmo dia da semana anterior, quando já vinha em alta fazia uma semana

Correio Braziliense
postado em 12/06/2022 06:00
 (crédito: Pedro Marra/CB/D.A. Press)
(crédito: Pedro Marra/CB/D.A. Press)

O coronavírus segue sem dar trégua no país. No seu mais recente Boletim Infogripe, que teve como base de estudo o período de 29 de maio a 4 de junho, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) mostra que quase 70% das internações provocadas por síndrome respiratória aguda grave (Srag) tiveram como causa a covid-19. Em relação às mortes por complicações respiratórias ligadas ao Sars-Cov-2, a tendência de alta se repete: chegou a 92,2% dos casos. E quando se olha para os números mais recentes, observa-se que a ocorrência, tanto de infecções quanto de óbitos, está em trajetória ascendente.

Na última sexta-feira, dados do painel do Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass) registravam que a média móvel de casos de covid-19 em sete dias estava em 39.980, contra 30.905 nesse mesmo dia da semana anterior, quando já vinha em alta fazia uma semana. Houve aumento também no número de pessoas que perderam a vida em decorrência da doença: a média móvel era de 93 na sexta-feira (3) e chegou a 141 dois dias atrás — rompendo o ciclo de oscilações em torno de 100 que perseverava, pelo menos, desde meados de maio.

Note-se que o crescendo nos diagnósticos positivos do coronavírus vem sendo alertado por pesquisadores da Fiocruz nos últimos meses. Mas muitos especialistas esperavam que isso ocorresse devido a diversos fatores. O principal deles: o fim de restrições ao uso de máscara, tanto em locais abertos quanto fechados. Era natural que, com a adoção da medida, a disseminação pela ômicron e suas variantes — altamente contagiosas — se intensificasse. Além disso, houve a retomada de festas e grandes eventos, com as consequentes aglomerações. E a chegada do frio, que favorece a propagação de doenças respiratórias.

Até então, mesmo com todos esses fatores agravantes, o aumento no número de casos de covid-19 não foi acompanhado por movimento semelhante no que diz respeito a internações e a óbitos. Por essa razão, essa mudança de tendência nas duas últimas semanas tem de ser observada muito de perto nos próximos dias. Afinal, ela vem acompanhada de sinais preocupantes. A exemplo do estado do Rio de Janeiro, onde as infecções por coronavírus voltaram a subir e já pressionam a fila por internações na rede pública de saúde. Na quinta-feira, a média de espera por um leito de enfermaria era de três horas e chegava a oito quando se tratava de vaga na UTI.

No Infogripe, a Fiocruz alerta que o quadro nacional apresenta sinal forte de crescimento nas tendências de longo prazo (últimas seis semanas) e de curto prazo (últimas três semanas). "O sinal de crescimento recente está presente em faixas etárias da população adulta", observou o coordenador do estudo, o pesquisador Marcelo Gomes. Quanto a crianças e adolescentes, há sinais de estabilização em patamar elevado nas faixas de 0 a 4 e 5 a 11 anos. "No grupo de 0 a 4 anos, os casos seguem fundamentalmente associados ao vírus sincicial respiratório (VSR), embora também se observe presença relevante de Sars-Cov-2, rinovírus e metapneumovírus. Nas demais faixas etárias, predomina as ocorrências de Sars-CoV-2", atesta o pesquisador Marcelo Gomes, coordenador do InfoGripe.

Mais uma vez, como vêm fazendo nos últimos boletins, cientistas da Fiocruz enfatizaram a importância da dose de reforço da vacina e da volta do uso da proteção facial. "É fundamental que a população retome certas medidas simples e eficazes como o uso de máscaras, especialmente no transporte público, seja ele coletivo ou individual. E quem ainda não tomou a dose de reforço da vacina da covid, é preciso tomar. A vacinação é simplesmente fundamental", ressalta Marcelo Gomes. Fica o alerta. Cuide-se.

 


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