Dom e Bruno

Artigo: Artista cidadão

Irlam Rocha Lima
postado em 21/06/2022 06:00
 (crédito:  Marcos Vieira/EM/D.A Press )
(crédito: Marcos Vieira/EM/D.A Press )

O protesto de Caetano Veloso, durante show realizado na noite de sábado em Brasília, contra o assassinato do indigenista brasileiro Bruno Araújo e do jornalista inglês Dom Phillips, no Vale do Javari, na Amazônia — divulgado inicialmente pelo site do Correio — repercutiu no Brasil e no exterior.

Ao estender uma espécie de bandeira com as imagens dos dois ativistas vitimados e expressar sua indignação pela interrupção das investigações, Caetano deve ter surpreendido apenas a alguns poucos incautos, entre as quatro mil pessoas presentes no Centro de Convenções Ulysses Guimarães.

Quem acompanha a trajetória do cantor e compositor no cenário musical brasileiro sabe do seu posicionamento, enquanto artista e cidadão. Enfaticamente, sempre se colocou contrariamente às injustiças sociais e a prepotência. Os relatos históricos estão aí para comprovar que nunca se omitiu.

Creio que não é demais relembrar dois momentos emblemáticos protagonizados por ele. No final de 1968, como um dos líderes do movimento tropicalista, passou a ser alvo de perseguição pelos detentores do poder durante a ditadura militar. Preso em quartéis do Exército, na Zona Norte do Rio de Janeiro, posteriormente foi obrigado a se exilar em Londres.

Em 1972, voltou ao país e deu continuidade ao processo criativo com trabalhos que têm contribuído para tornar ainda mais rica e relevante a cultura brasileira. A faceta de cidadão engajado, atento às mazelas do país, nunca foi deixada de lado. Mais recentemente, em 9 de abril, ele esteve à frente do Ato pela Terra, em defesa do meio ambiente — tão perigosamente ameaçado nos tempos de "porteiras abertas".

Na manifestação que ocupou a Esplanada dos Ministérios, Caetano protestou veementemente contra projetos de lei que tramitam na Câmara dos Deputados e no Senado Federal tendo como foco a flexibilização de licenciamento ambiental e exploração mineral e agropecuária em terras indígenas. Intuitivamente, antecipou o que viria acontecer no começo deste mês.

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