Um dos maiores problemas decorrentes da polarização política extremada é que aqueles que se encontram equidistantes desses pontos, e representam a grande maioria da população, são, justamente, os que mais sofrem com os efeitos dessas radicalizações irracionais. Primeiro, seja quem for o vencedor do pleito, não haverá, por birra política, continuidade de programas e projetos, interrompendo, muitas vezes, projeto vitais e de interesse exclusivo da população.
Esse tem sido um dos principais motivos pelos desperdícios e pelos prejuízos bilionários acarretados com obras e programas sociais, abandonados ou empurrados para um futuro incerto. Por ouro lado, o que se verifica, como consequências dessas radicalizações de posições, é que a prepotência faz com os novos governantes começarem do zero, como se o Brasil fosse redescoberto, depois de cinco séculos, refazendo o que está feito e desfazendo o que não foi concluído. É nesse vaivém que o país não sai do lugar.
Estamos metidos ainda, em pleno século 21, em disputas ideológicas, enquanto o resto do mundo avança em novas tecnologias, investindo pesado em pesquisas e planejamento para o futuro. Em meio à polarização insana e improdutiva das disputas políticas pelo controle da máquina do Estado, sobram para a sociedade as balas e os obuses perdidos, vindos de uma parte e de outra, a atingir, indiscriminadamente todos.
Vaidade das vaidades. Tudo é vaidade e aflição de espírito. "Aquilo que é torto não se pode endireitar" (Eclesiastes 1). É com um ensinamento como este, vindo de um passado milenar, que devemos pôr nossos sentidos. Ao longo de toda a história humana, que proveitos tiveram aqueles povos colocados no meio caminho entre disputas bárbaras senão a destruição?
É justamente nessa aflição de espírito que vamos ao encontro de outubro, certos de que, depois desta data, não cessarão as agonias e por uma razão simples: os extremos nessa disputa estão, cada um, ao seu modo e com seus vícios, de um lado do precipício. Não se enxerga no horizonte nenhum programa consistente de governo. Tudo são xingamentos e acusações. Há, sim, um programa de ódio, armado como uma bomba que detonará, na hora certa, sobre a cabeça de todos, sobretudo daqueles que nada têm a ver com essas pelejas nem nada esperam delas.
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