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Correio Braziliense
postado em 26/06/2022 00:01

Plástica

Duas plásticas clamando por providências. A primeira, de higienização, para Bolsonaro, que jurou que botaria a cara no fogo pelo então ministro da Educação. Informado por serviçais que plásticas desse tipo são demoradas e custam caro, Bolsonaro voltou atrás. Trocou cara por mão. Assessores palacianos não informaram se o presidente passará pelo procedimento estético em clínica particular ou se recorrerá ao SUS. A senadora Simone Tebet, por sua vez, candidata à presidência da República, que saiu dos 3% para 1%, segundo pesquisa do data folha, precisará de plástica radical nas ações e no palavreado. Na tentativa de sair do descrédito eleitoral e obter a confiança dos eleitores.

Vicente Limongi Netto,

Lago Norte

Violência

A violência tem sexo. Mulheres nascem sendo subjugadas. Alguém alegou que o anjo-da-guarda daquele feto do aborto ficou triste. Será que a menina pobre e desvalida não merece ter seu anjo-da-guarda? A inquisição para condenar a menina — vítima de violência sexual e institucional — começou na audiência, que foi uma sessão de tortura. É um tal de pobre do feto, fez porque quis, o 'namorado' era menor de idade. Nada disso muda em nada o fato de que ela foi violentada sexualmente (10 anos não tem essa de escolha!). Após o fato consumado, mãe e filha serão enxovalhadas e terão que se mudar para outra cidade. A sociedade indignada lhes fechará as portas. E não haverá anjo capaz de tirá-las da humilhação e do opróbrio.

Thelma B. Oliveira,

Asa Norte

Livros

Estava lendo o oportuno suplemento do CB (21/6) sobre a 36ª Feira do Livro de Brasília (FeLiB), quando sou lembrado que o dia 21/6 é a data de nascimento de Machado de Assis. Não sei o porquê, mas quando se fala em eventos literários, sempre me ocorre a cabeça o seu nome. Talvez porque sua obra esteja no topo dos clássicos da literatura brasileira, e esteja aliado a um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras (ABL). Mas a lembrança maior mesmo, é sobre a recorrente questão da leitura de seus livros pela juventude nas escolas. De parte dos estudantes não gostarem de sua linguagem e seu estilo. Argumenta-se que é uma pedreira para o início do hábito da leitura. Ainda mais em tempos digitais. Nesse suplemento do CB tem uma publicidade com uma frase em letras garrafais (adoro ver um jornal recheado de publicidade. Significa finanças assegurando longevidade ao periódico): "Quem tem conhecimento realiza sonhos!". A exclamação da frase está provocando, alertando a galera, de que é preciso ter conhecimento. E aí incluo se ter conhecimento sobre o que representa Machado de Assis para nossa cultura. De como ele é um dos maiores influenciadores de nossos escritores, de nossos intelectuais, de muitas e muitas gerações pregressas. A obra machadiana alavancou inspirações e sonhos de quem bebeu em sua fonte. Sei que há uma rapaziada que tem o hábito da leitura de livros, não se furta de Machado e que vai muito, muito além de influencers digitais. Adolescente, li Esaú e Jacó. Fiquei admirado com seu estilo. Depois disso continuei lendo o mestre dos mestres. Sempre com muita admiração. Memórias Póstumas de Brás Cubas. Ah, meu deus, quem há de esquecer um livro desses! Prestem atenção na exclamação. Podia-se alegar que ainda não havia internet para me dispersar tanto para a leitura desses clássicos. Mas a invasão da indústria cultural para a realidade de minha geração interiorana estava nas primeiras análises conceituais dos sociólogos Adorno e Horkheimer. Parabéns a Machado de Assis, a FeLiB e ao suplemento do CB.

Eduardo Pereira,

Jardim Botânico

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