ELEIÇÕES 2022

Análise: fundo eleitoral de R$ 4,9 bilhões é prioridade para uma nação?

Os R$ 4,9 bilhões do fundo eleitoral, turbinado pelo Congresso na época da votação do Orçamento-Geral da União deste ano, chamam ainda mais a atenção em uma semana marcada pelo bloqueio de verbas federais para assegurar o cumprimento do teto de gastos

Tradicionalmente, a cada quatro anos, o Brasil para de junho em diante. Foi assim em 1994, em 1998, em 2002, em 2006, em 2010, em 2014 e em 2018. Primeiro a Copa do Mundo e, na sequência, com a campanha começando em julho, as eleições gerais. Em 2022, será bem diferente. O time de Tite entrará em campo apenas em novembro e dezembro, por conta do clima no Catar. E a campanha eleitoral só começa a partir de 16 de agosto.

Há, no entanto, algo que mobiliza os dirigentes partidários. Trata-se da divisão do polpudo fundo eleitoral. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) tem até 16 de junho para divulgar quanto cada legenda terá direito dos R$ 4,9 bilhões destinados pelo Congresso para bancar as campanhas — valor que representa a maior soma de recursos já destinada ao fundo desde a criação, em 2017.

O União Brasil, que tem Luciano Bivar como pré-candidato ao Planalto, terá direito à maior fatia. A estimativa é que será algo em torno de R$ 770 milhões. As legendas sem representação no Congresso, como é o caso do PCB, que lançou a professora Sofia Manzano na disputa presidencial, devem receber entre R$ 2,9 milhões e R$ 3,1 milhões. A discrepância é grande, o que aumenta ainda mais o fosso entre os partidos.

O tamanho do fundo eleitoral, turbinado pelo Congresso na época da votação do Orçamento-Geral da União deste ano, chama ainda mais a atenção em uma semana marcada pelo bloqueio de verbas federais para assegurar o cumprimento do teto de gastos, para que as despesas não excedam a inflação do ano anterior. Os cortes atingiram principalmente as áreas de ciência e saúde.

A classe política tem um discurso majoritariamente de defesa do fundo eleitoral. O principal argumento é de que evita o famoso toma lá dá cá das doações empresariais, que ficou escancarado com os desvios de verba pública identificados pela Operação Lava-Jato. É, por sua vez, entristecedor ver o fundo eleitoral seguir intacto enquanto R$ 1 bilhão são bloqueados das universidades federais. Assim que se sabe quais são as prioridades de uma nação, que, muitas vezes, é chamada de república de bananas.

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