» Sr. Redator

Correio Braziliense
postado em 07/07/2022 00:01

Riqueza do cerrado

Brilhante iniciativa da professora Edijane Amaral (CB, 4/7) proporcionando aos jovens alunos conhecer e compreender visualmente a importância do cerrado para todos os seres vivos humanos e não humanos que nele habitam. Há 48 anos, acompanho a regeneração de uma área degradada de 70 hectares, no Engenho das Lajes, Distrito Federal. O cerrado é uma escola aberta de ecologia. O tempo da regeneração dos ecossistemas é lento e permite, ao longo de anos, perceber a riqueza e a arte do cerrado, a interação da água com as árvores, a diversidade de flores e de vidas vegetais e animais. Conhecer o bioma cerrado é o caminho da educação ambiental para preservá-lo.

Eugênio Giovenardi,

Sítio das Neves

PM herói

Jornal aceita tudo — dizem. Em meio a notícias de mortes, fome, fraudes, PECs da covardia e outros horrores, ganha a primeira página a foto de Leandro Percivalli. Nosso herói, que perdeu a mão para salvar uma jovem das agressões do namorado, diz não se arrepender. Ele merece uma compensação do GDF, para que possa recuperar a mobilidade, e um destaque entre os heróis da cidade. Ainda mais em tempos sombrios de egoísmo, aproveitamento, desonras, tramas ardilosas. Leandro deve virar retrato, estátua, medalha — para ser conhecido até pelas crianças. E jamais esquecido em Brasília.

Thelma B. Oliveira,

Asa Norte

Trânsito

Chocante ouvir, na ida de casa para o trabalho, logo cedo, que um carro desgovernado atropelou um grupo de cinco pessoas em uma parada de ônibus na plataforma superior da rodoviária, matando, na hora, uma senhora de 54 anos que foi arremessada para a parte de baixo, e ferindo as outras quatro, uma com gravidade. Havia uma criança no grupo. O carro estava em alta velocidade. A mulher que acompanhava o motorista disse que ele teve uma convulsão ao volante. Como pode uma pessoa que tem convulsões receber carteira de habilitação? Alguém pode explicar isso? Essa pessoa deve ser indiciada pelos crimes de assassinato e lesões corporais. E o Detran-DF deve explicar como concede carteira de motorista a uma pessoa doente que sofre ataques de convulsão e continua a dirigir. Algo de muito errado está por trás desse crime.

Jane Araújo,

Noroeste

A fome

Fui a um restaurante almoçar. Antes de me servir comi com os olhos aquela comida farta e deliciosa exposta no balcão com os vasilhames sempre repostos ao sinal de esvaziamento. Lembrei-me do filme A Festa de Babette. Satisfeito, fui para casa. Chegando, liguei a televisão em um noticiário televisivo. De cara, a reportagem era sobre a saga de uma avó em busca de comida para seus quatro netos na faixa de sete a 10 anos. O marido e a filha haviam morrido. Não estava conseguindo comida nem com entidades assistenciais. Diminuiu a ajuda das pessoas. Mas a avó recorria a qualquer forma para alimentar aquelas crianças. Renunciava comida para si em favor delas. Para completar, à saída do restaurante a arte do poeta musical me mostra "no joelho uma criança sorridente, feia e morta estende a mão..." Senti-me mal. Vontade de engulhar desde 1500. Foi uma porrada na boca do meu estômago nacional. Tive que acalmar meus ânimos da polarização política. Para tentar decifrar essa dor na consciência de "Garantimos a segurança alimentar de um sexto da população mundial", tendo mais de 33 milhões passando fome em solo pátrio, refleti: pago em dia impostos e exerço todas obrigações para a máquina governamental ser administrada. Mas por que cargas d'água os intermináveis planos de salvação do país prometido pelos mandatários toda eleição, todo ano, todo dia, toda hora, me fazem de otário. Afligem minha consciência. Mais uma promessa está chegando. O Brasil em estado de emergência por seis meses. Descaradamente emergência salvacionista da pele de políticos. Remover as causas da miséria não é o objetivo. Oferecer um mimo hipócrita, sim. Essa gente escroque não se interessa pela história e a geografia da fome tupiniquim. Porque são chinfrins. A avó da reportagem, esperançosa, completou sua fala dizendo que queria estudar para melhorar de vida. Foi outra porrada estomacal. Essa fala sábia está implícita para qualquer pessoa com razoabilidade mínima, que a educação escolar é a pátria salvadora da fome. O poeta da arte musical aguçou minha memória: "Gente é para brilhar, não para morrer de fome".

Eduardo Pereira,

Jardim Botânico

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