7 x 1
Oito de julho, a derrota da Seleção Brasileira para a Alemanha por 7 a 1, na Copa do Mundo, completa oito anos. Oito anos atrás, a Alemanha fazia vários gols. Aí, os brasileiros, não sabiam se era outro gol ou se era replay. Eu prefiro pensar nesse dia com um marco, quando começamos a repensar todo nosso futebol! Um marco da mudança.
José R. Pinheiro Filho,
Asa Norte
Vacina antirraiva
Em junho do ano passado, adotei um cachorrinho que nasceu na rua em uma feira de filhotes. Três meses depois, brincando, no auge da secura brasiliense típica de setembro, ele me arranhou na perna e, com a pele ressecada, sangrou. Fui a um posto de saúde no intuito de tomar as vacinas antitetânica, que estava desatualizada, e antirrábica. Só pude tomar a antitetânica, pois, de acordo com um novo protocolo, a antirrábica não me seria dada por se tratar de cão próprio, mesmo oriundo da rua há pouco tempo e ainda não vacinado, que não apresentava sinais de raiva, situação que mudaria caso o animal apresentasse sintomas desta doença. Passado um ano, nesta semana, divulgou-se o primeiro caso de raiva humana em Brasília após 44 anos, cuja taxa de mortalidade é de 99,9%, conforme reportagem do Correio. Mesmo sendo uma doença considerada erradicada, sabe-se que é fatal em humanos. Há vacinação de prevenção, como para veterinários, fazendeiros e tratadores; de pré-exposição, para pessoas não infectadas, mas que podem ter se exposto ao vírus; e de pós-exposição, aos que certamente se infectaram. Logo, no meu raciocínio leigo, não seria mais vantajoso rever o protocolo da vacinação antirrábica e ampliar os casos de vacinação para pré-exposição nos seres humanos, como no meu caso? Afinal, o que mais se tem visto em Brasília é uma proliferação de animais de ruas, especialmente gatos e, na beira do Lago Paranoá, capivaras. O risco aos seres humanos parece estar sendo cada vez maior. Aos especialistas, a palavra final.
Ricardo Santoro,
Lago Sul
Netos
É sublime a relação dos netos com os avós. Corações iluminados de ternura, amor e dedicação. Com emoção e orgulho. Jovens e adultos de todas as idades, retribuindo o carinho e atenção que sempre tiveram. Saudável que na correria pela vida, netos encontrem tempo no coração e nos compromissos, para beijar os avós. Para saber como estão. Para saborear boas lembranças. Para rirem abraçados. Para saber se precisam de alguma coisa. Nada mais belo do que o afeto desinteressado. Do gesto grandioso de saber ouvir e conviver com os mais experientes. São exemplos marcantes de seres humanos que mostram que nem tudo está perdido nos sombrios horizontes da humanidade. Prova de que milhões de jovens amorosos e determinados salvarão o mundo do caos da ignorância, da intolerância, da patrulha doentia e da barbárie de sentimentos. Sou avô feliz.
Vicente Limongi Netto,
Lago Norte
Redes sociais
Estou impactado pela leitura de Dez Argumentos para Você Deletar Agora Suas Redes Sociais, de Jaron Lanier, um dos pioneiros da internet. Apesar do título exagerado e de soluções um pouco utópicas, o livro desnuda um fenômeno coletivo que está minando nosso livre-arbítrio. Para quem se acha imune, vale pôr a cabeça no travesseiro e conscientizar-se. Afinal, todo viciado sempre diz "posso parar quando eu quiser". As redes sociais exploram nossas fraquezas mais íntimas, nossa vaidade, vontade de ser aceito, de ter amigos, de ser relevante, o desafio de envelhecer com dignidade ou até da insuportável pressão de existir. Postagens com mais curtidas aguçam nossos instintos como uma droga. Funciona assim: o indivíduo recebe uma recompensa tende a repetir seus atos para ganhar mais recompensas. Esse mecanismo da psicologia comportamental opera no nível básico, como acontece até com ratos e cachorros. As redes sociais coletam inúmeras informações sobre você, do que você gosta, desgosta, o que comenta, com o que se enerva, suas expressões faciais e transformam tudo numa base de dados de números imensos, capazes de revelar tendências que podem ser usadas para influenciar. Por meio de iscas, castigos, recompensas e vícios, pouco a pouco as pessoas vão sendo moldadas e influenciadas. Essas informações acabam sendo vendidas a terceiros para não só manipular o comportamento, como também medir os resultados da manipulação. Quem nunca se entregou a uma discussão inútil no Facebook? A pergunta é: quais os critérios para o usuário receber "prêmio" ou "castigo", curtida ou descurtida? A beleza da democracia é a sua capacidade de utilizar a inteligência coletiva de um país para entender a melhor maneira de seguir adiante corretamente. Quando esse processo é infectado por manipulações em massa, perdemos a inteligência coletiva, o potencial criativo e nos rendemos ao vassalo digital, inviabilizando o processo político. Infelizmente, há algo estranho em um mundo em que as pessoas parecem viver para ejacular sua existência pelo celular.
Renato Mendes Prestes,
Águas Claras
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