cidadania

Artigo: Gentileza e generosidade

Correio Braziliense
postado em 21/07/2022 06:00
 (crédito: Jonny Cournoyer/Paramount Pictures)
(crédito: Jonny Cournoyer/Paramount Pictures)

JACK CORRÊA - Empresário

Marina Pechlivanis é professora de pós-graduacão na ESPM de SP, trabalha com comunicação em sua empresa Umbigo do Mundo e é escritora com vários livros publicados, inclusive em parceria com o consagrado publicitário Roberto Duailibi. Marina se especializou na ciência do gifting, a arte de encantar através do presente ideal. Tudo sobre como surpreender com uma gentileza. Ampliou seus estudos com a economia das dádivas, que analisa o intrincado sistema das trocas e o que acontece com cada gesto de dar, receber, ressignificar e contribuir. Essa história foi longe e hoje Marina trabalha uma plataforma atualíssima que se chama Educação para Gentileza e Generosidade. https://www.gentilezagenerosidade.org.br/

Ela estuda um problema que talvez esteja na base, na formação do mundo caótico e agressivo de hoje que trafega entre a polarização de posições de qualquer natureza e o esfarelamento da relação cordial na solução de problemas. O foco da plataforma são as crianças e os adolescentes, e o objetivo é naturalizar sete princípios que fazem toda a diferença para um futuro menos destrutivo e mais colaborativo: gentileza, generosidade, solidariedade, sustentabilidade, diversidade, respeito e cidadania.

Considerando a educação como um caminho viável para a conscientização social, a plataforma oferece soluções sistêmicas integrativas, interdisciplinares e interpúblicas, diria que algo em falta neste mundo de negócios que ainda sobrevive do custo do reducionismo departamentalizado e do preço do cartesianismo polarizado.

E mais: tudo gratuito, descomplicado, acolhedor e acessível, um conceito muito pertinente para estes tempos em que a educação moral e cívica, que fala de ética e responsabilidade, que prevê direitos, mas também deveres, não está oficialmente na grade curricular das escolas, refletindo a sua vacância nos últimos anos como agenda ética da sociedade.

Mas o principal é que oferece respostas práticas, dada a urgência do assunto. Para as escolas, metodologia com 26 planos de aula adequados à nova BNCC, além de cursos e prêmios. Para as famílias, aulas práticas com vídeos, leituras e atividades. Para jovens lideranças sociais, eventos e oportunidades de conexão e visibilidade. Para a sociedade, estudos e pesquisas inéditos com crianças e jovens. Para as empresas, dinâmicas de desenvolvimento humano para programas de treinamentos.

O desafio é complexo, mas a proposta é bem descomplicada, oferecendo conteúdo gratuito qualificado e interdisciplinar, aplicar esses princípios no currículo das escolas e na pauta diária das famílias, com metodologias, planos de aula e atividades práticas. Assim, as novas gerações, rápidas que são, podem se transformar na inspiração que falta a muitos adultos.

Afinal, são múltiplos os exemplos de filhos que corrigem a ignorância e os destemperos dos pais, dentro e fora de casa. Para além de cuidar da natureza e apoiar os menos favorecidos (social e financeiramente), combater a discriminação e todo tipo de fobia com base no respeito à diferença e ao livre direito de opção por sexo, religião, lado político e estilo de vida podem fazer toda a diferença para uma sociedade mais saudável.

Os recentes episódios de agressões em estádios de futebol, em festas e comemorações e até no âmbito escolar precisam cessar. A alternativa mais sustentável de melhor custo-benefício é investir na primeira infância e no crescimento da generosidade e gentileza até a adolescência. E força que pode advir do lar e da escola suplanta qualquer outro canal de trabalho social e comunitário.

O exemplo dessa plataforma, que valoriza e promove competências sociotransformacionais, que despertam a consciência social para uma convivência mais equânime, colaborativa e cidadã, em uma sociedade com menos desigualdades e mais distribuição de acessos, deve ser seguido. Quanto tudo isso começa na infância, as perspectivas são sempre melhores.

Ser generoso e investir na bolsa de valores humanitários faz com que a cotação de ativos essenciais para a subsistência de todo o nosso ecossistema fique cada vez mais em alta, e isso interfere em tudo: na política, na economia, na nossa reputação como país. Vamos torcer para que iniciativas como a da professora Marina tenham sucesso, pois é chegada a hora de questionar o que comumente chamamos de civilização.

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