Violência infantil

Artigo: Tristeza

Cida Barbosa
postado em 21/07/2022 06:00
 (crédito: Lucas Pacífico/CB/D.A Press; )
(crédito: Lucas Pacífico/CB/D.A Press; )

Todo dia há motivos para chorar neste país. Choro de revolta, impotência e, principalmente, de uma sufocante tristeza. Tristeza por crianças e adolescentes que estão em sofrimento profundo, e o socorro não chega; pelos que, enfim, foram salvos, mas as feridas são tantas e tamanhas que jamais cicatrizarão; pelos que padeceram, e a ajuda nunca chegou.

Tristeza por Allexia Sophia, de 5 anos, espancada até a morte em Alagoas. Os algozes disseram no hospital que ela havia caído — a repetida mentira de torturadores de crianças e adolescentes. Allexia não resistiu à gravidade das lesões e morreu na terça-feira. O assassinato brutal foi o desfecho de uma rotina de surras — ora levadas a cabo pelo pai, ora pela madrasta. As dores impostas à garotinha eram o castigo por fazer xixi na cama.

Tristeza pela menina de 11 anos, do Rio de Janeiro, submetida a torturas inimagináveis. Durante dois longos anos, ela ficou presa em casa — situação intolerável para qualquer pessoa, ainda mais em se tratando de uma criança. No cárcere privado, ficou à mercê de um estuprador, que fez o que quis com seu corpinho vulnerável. Da violência, surgiu a gravidez. Prisioneira que era, deu à luz em casa, correndo risco de morte. E justamente por causa das complicações do parto a ajuda médica foi pedida, e a história horripilante veio à tona. O padrasto está preso. A mãe é suspeita de acobertar a barbárie e de abandono intelectual, já que a menina, sem ir à escola por tanto tempo, não sabe ler nem escrever.

Tristeza porque atrocidades como essas se sucedem, sem freios . Seres medonhos, malignos, indignos do ar que respiram continuam a torturar e a matar crianças e adolescentes. Neste momento mesmo há meninos e meninas sofrendo abusos psicológicos, sendo espancados, estuprados e assassinados. O terror no nível mais hediondo que nossa raça, na sua infinita maldade, é capaz de perpetrar. Assim como a perversidade humana, a tristeza não tem fim.

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