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Artigo: Por um Brasil sustentável e soberano

Correio Braziliense
postado em 04/08/2022 06:00
 (crédito: Caio Gomez)
(crédito: Caio Gomez)

ANA PAULA DE CARVALHO TEIXEIRA - Coordenadora executiva do movimento Química Pós-2022 e professora do Departamento de Química da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

MOZART NEVES RAMOS - Titular da Cátedra Sérgio Henrique Ferreira do Instituto de Estudos Avançados da USP de Ribeirão Preto e professor emérito do Departamento de Química Fundamental da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)

O Brasil é um dos países com maior biodiversidade do planeta, sobretudo por abranger a maior parte do bioma amazônico, ter grande quantidade de terras férteis, água abundante e alta incidência solar. Por tudo isso, ele é considerado por muitos como um país com grande potencial para liderar o movimento em prol da sustentabilidade. Nesse contexto, ter uma agenda de desenvolvimento pautada na sustentabilidade e na soberania como elementos estratégicos é de extrema importância para o Brasil.

A química tem um papel central para a sustentabilidade e, como ciência, atividade industrial e econômica, pode contribuir imensamente para a resolução de grandes questões ambientais de todos os setores econômicos, tais quais: redução e aproveitamento de resíduos agrícolas; conservação de alimentos e prolongamento de sua vida útil; definição de novos materiais mais eficientes, de custo mais baixo e de menor pegada de carbono; melhor forma de gerar energia limpa; tratamento de resíduos e efluentes de indústrias de todos os setores; entre outros.

Quanto às ações em nível global, a Agenda da Organização das Nações Unidas (ONU) 2030, através da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), declarou 2022 o Ano Internacional das Ciências Básicas para o Desenvolvimento Sustentável (IYBSSD 2022). A química, entre as ciências básicas, tem enorme potencial para contribuir para a sustentabilidade. O Movimento Química Pós-2022 — Sustentabilidade e Soberania, criado pela Sociedade Brasileira de Química (SBQ) com o objetivo de contribuir para a sustentabilidade e a soberania do país por meio da química, surgiu a partir dessa premissa.

O movimento conta com a contribuição de atores de universidades, da indústria, do governo, do terceiro setor e de outras organizações que vêm permitindo um amplo debate sobre o tema da sustentabilidade vinculado à química. O fruto desse trabalho levou à construção de dois Objetivos de Química para o Desenvolvimento Sustentável (OQDS), inspirados nos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS): — OQDS 1 — Promover a Sustentabilidade por meio da Química na educação básica (sem educação de base de boa qualidade e para todos, não teremos sustentabilidade). Aqui foram elencados três grandes eixos de ação: Eixo 1: Professor de química protagonista para um mundo mais sustentável; Eixo 2: Sala de aula como espaço especial para química e sustentabilidade; Eixo 3: Escola: projetos em química e sustentabilidade para a sociedade. OQDS 2 — Promover a sustentabilidade através de CTI E em química na indústria e na universidade. Outros três eixos de ação foram considerados: Eixo 1: Indústria química como uma das líderes na transição para a sustentabilidade; Eixo 2: Interação entre universidade, indústria e sociedade para avanços em química e sustentabilidade; Eixo 3: Educação de químicos para a sustentabilidade.

Para mobilizar o país em torno dessas duas OQDS e seus respectivos eixos, nove temas estão sendo propostos: (1) Mudanças climáticas (captura e uso de CO 2 , pegada de carbono e outros); (2) Reaproveitamento de resíduos e economia circular; (3) Bioprodutos e bioeconomia; (4) Materiais renováveis, materiais sustentáveis; (5) Tratamento de efluentes e saneamento básico; (6) Energias renováveis, biocombustíveis e hidrogênio; (7) Uso sustentável de recursos minerais e naturais; (8) Poluição da água, do ar e do solo; (9) Agroquímica para produção sustentável de alimentos.

Para colocar isso na prática, vamos precisar mais do que nunca do engajamento dos atores supramencionados e felizmente isso está acontecendo em escala exponencial. É a química brasileira contribuindo para um Brasil melhor, sustentável e soberano. As futuras gerações agradecem.

 

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